quarta-feira, 23 de abril de 2008

Hora de comemorar!

O aniversário da minha querida e bela cidade natal -- Campos do Jordão -- está chegando. Para esquentar as comemorações, a pedido da revista Vitti (mês 04/08), escrevi um textinho como presente.

Segue o mesmo:

Um convite a se repensar o futuro

Mais um ciclo está prestes a se encerrar e junto dele nasce uma ânsia por mudanças. Sim, neste momento da história nada mais sensato do que romper com o sonho, até então frustrado de uma tumultuada revolução, e dar lugar a uma simples, mas necessária, evolução. Como Darwin provou há anos, evoluir é uma característica latente dos seres vivos, principalmente o da espécie humana. Portanto, nada mais justo do que se aplicar essa característica em prol da alteração de uma realidade criada por nós mesmos -- a organização social e urbana. Mas por que todo este papo-cabeça agora? Bom, deixe-me explicar. A cidade de Campos do Jordão, mais conhecida como “A Suíça Brasileira”, comemora neste mês de abril o seu 134º aniversário e acredito que um presente ideal para esta data tão importante poderia ser a participação dos seus habitantes em uma possível transformação.

Recorrendo ao passado, a lenda dos Três Pinheiros conta que o Senhor Inácio Caetano, um dos primeiros moradores do município, enterrou algumas barricadas de ouro no centro de três exuberantes árvores nativas, com o propósito de perpetuar a sua fortuna. Anos após sua morte, iniciou-se uma verdadeira corrida em busca do tesouro perdido. Contudo, até os dias de hoje, o mesmo nunca foi encontrado. Transpondo essa realidade ao presente, nota-se que essa incansável busca por riquezas tornou-se algo constante na vida dos jordanenses, que estão sempre na caça de um imaginário tesouro escondido. Foi assim durante o ciclo do ouro e também por todo o ciclo da cura (a cidade foi referência internacional no tratamento de doenças respiratórias, como a tuberculose). Portanto, Campos do Jordão estruturou-se nessa atmosfera de encantos, milagres e promessas.

A partir da década de 1980, com a construção da Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, a SP 123, iniciou-se um novo período no município. Diversos investimentos surgiram, projetos de infra-estrutura nasceram e junto com a consolidação do tradicional Festival de Inverno, este pequeno pedaço de terra gelado, localizado no alto da Serra da Mantiqueira, ganhou status e fama de estância turística. Na década de 1990, alcançou o seu ápice, mas desde então começou a ruir. A tão promissora economia estagnou, o metro quadrado de terra supervalorizou, os preços consequentemente subiram, a inclusão educacional e sanitária pararam no tempo (falta de adaptação à realidade local), o desemprego apareceu e os contrastes sociais são agora cada vez mais perceptíveis. Basta andar pelas ruas para se engolir esta triste realidade. Todos têm a sua parcela de culpa. O governo local por diversos deslizes e ações sem planejamento, as classes média e alta (principalmente encabeçadas pelos empresários locais) por sua apatia, egoísmo e falta de organização, e por fim, a população jovem (me incluindo nesse grupo) – futuros senhores dessa terra – por seu total desinteresse, inércia e ignorância.

Como Gabriel Garcia Márquez mostra em seu livro “Cem Anos de Solidão”, os moradores da fictícia Macombo chegam a ser bem semelhantes a nós jordaneses. A realidade é mais ou menos essa: fechamos os olhos aos forasteiros que a cada dia chegam, nos encantam com seus brilhos e palavras bonitas, exploram nossas riquezas e, assim, aceitamos com compassividade suas ordens e desordens. Simplesmente, fixamos nosso olhar para o chão, iludidos com todo o potencial publicitário de um mundo globalizado, e apenas soltamos um baixo grunhido: Sim Senhor! É triste, mas infelizmente é a nua e crua verdade.

Bom, enfim o propósito maior deste texto – arquitetar um presente ideal à cidade. Segue uma dica: Urgentemente, necessitamos evoluir! Portanto, convido toda a população a repensar o futuro da cidade. Não apenas criticando políticos ou atirando pedras na janela do vizinho, mas sim organizando-se, discutindo e, sobretudo, planejando. Sem planejamento não se chega a lugar algum. Deixe de lado o tradicional jeitinho brasileiro, arregace as mangas e mãos à obra. Façamos do dia 29 de abril o inicio de um novo período, o Pós-Inércia, ou melhor, o ciclo da Transformação.


Conto com a participação de vocês! Por favor, opinem!rs.

abraço

Um comentário:

Unknown disse...

São José dos Campos não é muito diferente de Campos do Jordão. O famoso pólo industrial do Vale do Paraíba não oferece mais tantas vagas na indústria. O emprego seguro de ontem, virou o "trampo ferrado", em jornada de seis horas maçantes numa central de telemarketing, ou o trabalho braçal nos canteiros de obra da Revap. O que parecia tão metropolitano hoje já é realidade, pessoas trabalham em dois locais para garantir uma renda maior pra poder pagar suas contas em dia, ou dever de forma honesta.
Parece piada, mas ainda tem gente que acha que aqui é o paraíso do emprego. Como há aqueles que acreditam que em Campos do Jordão não existe pobreza e nem desigualdade social e tome pó de pirlimpimpim e colírio Moura Brasil pra espantar o mal olhado!