sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Saci ou Halloween eis a questão!!! ???


Texto Daniel Faria


CULTURA

A briga é boa. Uns defendem o personagem nacional de uma perna só, gorro, calção vermelho e cachimbo nas mãos, outros se rendem aos encantos alegóricos, as maquiagens, aos doces e travessuras do importado Halloween.

Há certo ou errado?

Acredito ser um caminho sem volta, pois com a globalização (clichê básico, mas essencial) e a necessidade cada vez maior de falarmos duas, três, vinte idiomas, além do esperanto (risos), as influências externas se tornam cada vez mais sutis e aceitas sem muita resistência.

Um dos pólos que ainda resiste é São Luiz do Paraitinga, que fica no Vale do Paraíba Paulista. Os moradores ao invés de celebrar o tenebroso Dia das Bruxas, optaram pelo resgate do travesso Saci, que cresce dentro de bambus e surge dos redemoinhos.

Por outro lado, o comércio no atacado e no varejo se diverte e se mantêm com as produções rebuscadas, decorações assustadoras e recursos para tornar o Halloween das boites, escolas de idiomas e festas particulares o mais horripilante possível.

A discussão entre nacionalistas e globalizados já foi parar até na Sapucaí. Foi no carnaval de 1997, quando Milton Cunha, então, carnavalesco da Beija-Flor, resolveu homenagear as festas brasileiras e por conseqüência os 50 anos de Nilópolis.

Tudo ia muito bem... Passou o carnaval, o Dia das Mães, dos Pais e quando chegou o mês de outubro, eis, que surge um enorme demônio com uma mulher presa dentro de sua boca. O comentarista Haroldo Costa, não deixou por menos e “sapecou” a alegoria, que segundo ele, deveria retratar um dos seres folclóricos do país e não fazer referência internacional.

A briga vai ser eterna, inclusive no carnaval que embora já seja permitido tratar de enredos internacionais, nem todos são loucos pra cair na tentação de defender um tema puramente estrangeiro. Acredito que irá haver sempre uma mescla entre o tropical e o que vem de fora, seja ele, de além mar, oriental, latino e assim vai...

O mais importante é se divertir. Seja você um nacionalista ou um globalizado, o Conde Drácula, ou o Saci-Pererê. Mas que é sempre interessante analisar, refletir e discutir sobre os caminhos que as manifestações culturais tomam ao passar do tempo, isso realmente é fundamental. Pois cada vez mais a influência do capital e da geração de trabalho e renda, tende a fazer com que tudo vire um grande comércio maquiado de entretenimento e catarse.

Texto escrito originalmente para o blog Tenho Ditto.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008



Reportagem do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos portais da internet,dando seu parecer sobre a Crise Financeira;

Lula, convencido de que os efeitos da crise financeira internacional no Brasil são pequenos, o presidente afirmou, neste dia 10, sexta feira, que o brasileiro poderá comprar tudo o que sonha para o Natal.
(É mesmo Lula?Com que dinheiro, na sua conta pode ser?Porque se for tudo o que eu sonho ultrapassa de 3 modelos de Harley Dadvision e por ai vai...)

Lula;
"Precisamos nos preparar para a gente comprar tudo o que a gente sonha comprar no Natal. E torcer para o Ano Novo ser infinitamente melhor"(Ou seja,torcer pra ter dinheiro para pagar ou dar o calote das lojas, vai do gosto do freguês...), afirmou o presidente, de acordo com a Agência Brasil, durante entrevista a agências de notícia, no Palácio do Planalto.

Crise é dos ricos(Afinal quem vive sempre em crise é pobre mesmo.)

Lula ainda disse que o País deve ser o que menos sofrerá com a crise econômica surgida nos Estados Unidos, uma vez que esta não é uma crise dos pobres. "O calo é no pé dos ricos", disse. (Só o calo?Aqui é todo mundo com calo até a cabeça então...)
De acordo com o presidente, há 50 anos esses países ricos se diziam infalíveis. Porém, quando se permite a vulnerabilidade nas operações financeiras, o risco é de todos.
O presidente defende um novo padrão do sistema financeiro mundial, com mais regulação. "Não se pode permitir alguém financiar o que não tem".(Fala isso para as financeiras da vida que enganam os velinhos..)

Essa é a teoria do Bom Velinho Luiz Inácio Lula da Silva,já segundo o PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), a crise terá efeitos pontuais no brasil,sendo o setor mais afetado o imobiliário por causa da restrição de crédito,por outro lado outros setores da economia ligados diretamente ao mercado imobiliário.É o caso das exportações de materiais de construção, especialmente granitos e cerâmicas de revestimento.

"O fato de o Brasil estar mais imune à crise não significa que possa manter o ritmo de crescimento alcançado nos últimos trimestres. Terá um crescimento menor, mas manterá o crescimento", avalia o coordenador do PNBE, Jorge Hori.

Hori acredita que a hegemonia do sistema financeiro norte-americano foi abalada e não terá a mesma importância após a crise. Crê que os mercados europeus devem assumir a liderança. "Com receio das novas regulamentações, os capitais tenderão a migrar para outros mercados, e os europeus são os mais prováveis de assumirem a nova liderança", diz.

Quanto ao Brasil, o coordenador prevê que a economia real do País volte a se movimentar com maior seletividade. Para ele, por conta do petróleo no pré-sal profundo, o País terá, no futuro, oportunidades melhores e será amplamente beneficiado.

Não se pode dizer que de forma alguma não afetará o Natal, acho que Lula está exagerando e querendo tranqüilizar demais o brasileiro tampando o sol com a peneira.Que o próximo ano será “infinitamente” melhor, também é exagero demais afirmar isso, lógico que houve um bom desempenho e o país cresceu consideravelmente mais não está intangível as crises que ocorrem principalmente quando se trata de dólar em alta, taxas interbancárias,crise de liquidez e a bolsa em queda,logo o seu crescimento não será o mesmo.
Se uma crise que já está afetando o Dia das Crianças, não vai atacar o Natal e ainda o ano que vem será infinitamente melhor podemos acreditar que terá neve esse ano e o papai noel vai entrar pela minha lareira. (Não tenho uma,pena!).
Ele ainda compara com as crises dos tigres asiáticos, da Rússia e do México. "O mundo de 2008 é diferente do mundo de 1998." Segundo ele, o Brasil vai se sair melhor agora diante de uma crise de US$ 2 trilhões do que enfrentou uma crise de US$ 40 bilhões ou US$ 70 bilhões em 1998.
Lógico que devemos considerar um amadurecimento comercial por parte do Brasil, mais Lula,pare de usar esses termos medíocres de “infinitamente melhor”,” precisamos de otimismo””o brasileiro poderá comprar o que quiser” . (Se otimismo pagasse as contas)
Pode até tratar de uma crise especulativa onde tudo pode mudar, mais são tudo suposições,nada é certo,agora nem seu peru de natal...

Vamos comer Lula nesse natal e fazer umas comprinhas nos EUA,que tal?


Turbulência dos mercados: você sabe o que significa crise de liquidez?
Bovespa interrompe negócios; entenda como funciona o Circuit Breaker
Crise terá efeitos pontuais no País; mercado imobiliário será o mais afetado
Presidente Lula vê "Natal extraordinário" para o Brasil, apesar de crise

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A chuva cai lá fora...


Reflexões

Texto
Daniel Faria


Quem nunca teve um dia de pouca inspiração, que atire o primeiro bloco de anotações.

A incapacidade psico-cerebral-motora-sensorial de não conseguir passar para o papel, ou para a tela de um computador, o conjunto de idéias que atormentam a mente da gente é algo tão incomodante que pode ser comparada com várias situações do cotidiano que nos provocam frustração e decepção.

Quem nunca perdeu a condução num momento errado? Saiu de casa num dia ensolarado e voltou encharcada (o) após um banho de chuva? Apostou suas fichas num relacionamento e no fim das contas, ficou com aquela sensação de que perdeu tempo, mas que para compensar a cara de derrota assobiou: “o importante é que emoções, eu vivi.”

Enfim, essa é a vida de quem vive e a vida de quem escreve... A inspiração vem e vai, surge desse ou daquele detalhe, que pode ser narrado em primeira, ou terceira pessoa. Afinal de contas, o teor do discurso é mais importante do que o veículo que o transporta. Será mesmo? Tenho cá minhas dúvidas! E, novamente caio no clichê, mas enfim...

Qual era o objetivo desse texto mesmo? Ah! Sei lá. Queria falar sobre o livro que estou lendo, sobre a chuva que cai lá fora e que me levou a ler esse livro, que sempre folheie, usei pra fazer citações e referências, mas nunca li na integra.

De repente, a chuva me deu essa idéia, mas a pausa na incidência de descargas elétricas com o fim do temporal me deu outra idéia: escrever no editor de textos do computador sobre todas as idéias, que passaram pela minha cabeça nesse curto espaço de tempo, cerca de 60 minutos, quando resolvi desligar tudo, empilhar as almofadas e o travesseiro, me deitar no colchão, me cobrir com o edredom e mergulhar nos primeiros capítulos do livro.

Eram tantas idéias, que o simples ato de tomar água foi esquecido. Só me lembrei quando a boca secou de vez e quando a inspiração deu aquela falhada como um motor em pane, que dá aquela engasgada, solta fumaça, dependendo do caso um estouro, e volta a funcionar até que se chegue ao local de destino e seja providenciada a manutenção necessária.

O ato de escrever também é mais ou menos assim: Um ato de teimosia. Eu que nunca me imaginava escrevendo sem rascunhar, agora escrevo direto no editor sem pegar na caneta sequer, a caligrafia não agradece muito. Se bem que minha letra fica mais bonita em Arial Corpo 12 (Brincadeira)...

A chuva parou de cair lá fora. Não se ouve mais o som das gotas batendo na calha. Opsss... Não se ouvia, acabei de ouvir um estalido, um pequeno som metálico, que ecoa no curto intervalo de tempo, em que o vídeo carrega no youtube.

O “pec”, “pec”, “pec” na calha ressoa na cabeça como ressaca de Ano Novo, estala seca como martelada na cabeça do prego. Porém, embala o sono como cantiga de ninar.

Qual era a idéia do texto mesmo? Já sei. Não era falar de coisa alguma, mas ao mesmo tempo falar de várias. Era reunir idéias que foram costuradas num curto espaço de tempo, em que coisas aconteceram em todo o lugar, nos micro e macro ambientes. Inclusive dentro da minha própria cabeça.

...e a chuva caí lá fora...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A lição portuguesa

Durante a cerimônia de inauguração de uma fábrica de pás para turbinas eólicas em Viana do Castelo, o Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates, afirmou que a estratégia de seu Governo é apostar nas fontes renováveis. Disse ele: “é fundamental que o país tome consciência de que não deve ficar tão dependente do petróleo, e a melhor forma de reduzir essa dependência é aumentar a percentagem de eletricidade baseada em energias renováveis, aproveitando um tipo de energia que podemos produzir”. Portugal passou de 500 MW de energia eólica instalada em 2004 para os atuais 2.500 MW sendo que a projeção é chegar a 5.000 MW em 2010. A opção eólica fará com que o país poupe mais de R$ 2,67 bilhões por ano, tanto em termos econômicos quanto em emissões de CO2, permitindo, também, que Portugal cumpra seus compromissos para com o Protocolo de Kyoto. O complexo de Viana do Castelo, quando estiver finalizado, dentro de um ano, criará 2.500 novos postos de trabalho diretos e mais de 7.500 indiretos. É evidente que em toda Europa a questão de mudar a matriz energética atual investindo maciçamente em energias limpas, desmantelando as custosas e perigosas usinas nucleares e as movidas a carvão, está se transformando cada vez mais numa prioridade. Essa consciência da mudança também existe no Brasil, tal como revela a recente pesquisa do ISER sobre o que o brasileiro sabe em relação às mudanças climáticas. Divulgada na Câmara dos Deputados, a pesquisa demonstra muito mais do que simples números e percentagens; ela retrata um Brasil preocupado em relação ao futuro imediato, principalmente os cientistas (que são os mais conscientes), seguido pela sociedade civil, a mídia e o empresariado. Paradoxalmente, o tema teve menos importância entre os parlamentares. Alguns deputados reconheceram que as mudanças climáticas são um problema urgente, mas o Congresso Nacional ainda não inseriu o tema entre suas prioridades. E quando se fala em mudanças climáticas também se fala em energia e, principalmente, em modo de consumo. A Câmara já criou uma Comissão Especial Mista sobre Mudanças Climáticas para analisar projetos que propõem uma Política Nacional sobre Mudança do Clima, mas interesses conflitantes não permitem que se discuta em profundidade temas fundamentais como a destruição do Cerrado e da Amazônia com o objetivo de plantar soja e criar gado; a do Pantanal, para cana-de-açúcar; não se chega a um acordo quanto ao desmatamento zero, nem sobre a rotulagem dos organismos geneticamente modificados. A bancada ruralista domina a política agrícola e a Frente Parlamentar Ambientalista não tem força, pese a ser uma maioria, para impor uma nova visão de desenvolvimento baseado na sustentabilidade. Entramos agora no fim da corrida eleitoral, e é de se desejar que, com a nova eleição municipal, o Brasil possa escolher prefeitos e vereadores capazes de fazer essa mudança em nível local. Seria muito bom aprender a lição política de Portugal, ouvindo as palavras de José Sócrates: “todos disseram em Portugal que era preciso reduzir a dependência do combustível fóssil, mas se nada fosse feito, ninguém nos perdoaria. Daqui a 15 ou 20 anos, os atores da nova geração nos acusariam de que nada fizemos; não quero que isso aconteça”. Só para lembrar aos nossos políticos eleitos e aos que ainda o serão: Portugal hoje está numa situação privilegiada no mundo em termos energéticos, na liderança dos países mais evoluídos no campo das energias renováveis. O Brasil, com tanto sol e vento avança remando contra a maré.Gaia viverá!René Capriles e Lúcia Chayb

Fonte;http://www.eco21.com.br/home/index.asp

domingo, 31 de agosto de 2008

Rufem os Tambores

VARIEDADEs

Texto Daniel Faria


Desde o mês de junho foi dado o ponta pé inicial nas disputas de sambas de enredo para o carnaval 2009, em todo o país. Se navegar é preciso, sambar também se faz necessário. O samba é na verdade a grande catarse brasileira, internacionalmente conhecida e assumida.

Como quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Então, deixa rolar o ziringuindum, chorar o cavaco, rodar a baiana e levantar poeira as passistas, mulatas e siliconadas.

Festejado por alguns, “gongado” por outros, alguns enredos para o próximo carnaval são temas e não enredos como disse em entrevista o polêmico carnavalesco e comentarista Fernando Pamplona.

Porém, essa discussão vai ser eterna, pois enquanto houver tradição e saudosismo: legados dignos do carnaval, as transformações e modernidades implementadas no espetáculo serão aceitas, mas depois de muita resistência e debate.

A história do banho, o centenário de Machado de Assis, o poder do tambor, a formação do povo brasileiro, o céu, a Bahia, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o cinqüentenário da “Rainha de Ramos” e a curiosidade são os próximos temas-enredos que irão passar pela passarela do samba.

Nas quadras fervem as disputas, na internet pipocam os áudios concorrentes e os sites por mais um ano dão conta de espalhar pelo WWW o trabalho dos compositores. Muitos nem chegam à final, nem passam pela pré-seleção, mas ganham fãs incondicionais que defendem as obras, nem que seja nos fóruns virtuais, que foram as primeiras manifestações carnavalescas virtuais que eu conheci. Em 2000, recebia em média 200 mensagens de correio eletrônico por dia, nem dava conta de ler tanta informação, mas as discussões pegavam fogo.

A possibilidade de contatos é outro grande legado do carnaval virtual. Carnaval virtual sim, pois já existem escolas de samba que desfilam exclusivamente pela net. Eu mesmo já me atrevi a dar uma de compositor e escrever um samba sobre o Orkut para os Ociosos de Gericinó. O que diferencia as escolas virtuais das reais? Talvez a paixão e a inocência, o amor a camisa, o romantismo do carnaval feito literalmente com suor, lágrimas, raça e muita alegria.

O processo industrial do carnaval roubou um pouco do lado humano da festa, que virou um mercado cheio de profissionais estimulados pela criatividade, mas contaminados pela vaidade. Mas, enfim o samba sobrevive da melhor forma: sambando -- que rufem os tambores...

sábado, 16 de agosto de 2008

Manga Rosa


Texto Daniel Faria

VARIEDADEs & @FINs

Manhã de sábado nada melhor que dar uma volta pela feira livre. Esse evento ainda é um grande barato, pois reúne o que há de melhor e mais divertido na moda street wear. Em resumo, “tamo junto e misturado.”

Nesse espaço pra lá de democrático é que a casada vai desfilar sua produção de gosto duvidoso, os boys adquirem os novos funks cariocas, as cachorras aproveitam o Sol para compor seu visual assanhado, extravagante e muito peculiar.

As senhoras atualizam a conversa, os feirantes cativam seus fregueses, as frutas cheiram docemente, os peixes são frescos, mas “fedem”, o pastel do japonês lota, assim como, as barraquinhas dos produtos made in China.

Balangandãs para os cabelos, bolsas, roupas infantis, acessórios para as panelas, telas muitas com imagens de Jesus Cristo e se você procurar bem é até capaz de encontrar aqueles quadros clássicos, em que dinossauros colossais dividem espaço com automóveis em cenários urbanos.

Como a época é de campanha eleitoral, santinhos eram “distribuídos a rodo” pelos correligionários e simpatizantes dos candidatos aos cargos de prefeito e vereador. (Fiz questão de pegar as papeletas e ver se encontrava alguma irregularidade, mas todos traziam o CNPJ da gráfica e do candidato).

É muito legal observar aquele seu amigo (a) de infância ou conhecido de algum lugar do bairro, a troca de olhares é sempre inevitável, até porque o ser humano tem esse vicio de “pôr reparo” no outro. Ver se você está gordo, magro, casado, com filhos, sem filhos.

Entre essas pessoas, está a Elaine [estudou comigo no colegial] que agora modernizou o seu carinho de sorvete e para poupar sua voz fez uma gravação, em que divulga o valor do seu “ganha pão.”

Ora veja você, entre os anônimos da feira livre, uma celebridade pedia votos. A ex-prefeita e ex-deputada federal Angela Guadagnin, que tenta reconquistar uma vaga na Câmara dos Vereadores. Com um ar mais contido do que na época da famosa “dancinha” tenta fazer brilhar mais uma vez a sua estrela.

E, por falar em manga rosa, o cheiro marcante do fruto vindo da Índia tomou conta do ambiente marcado literalmente pela diversidade.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

China in Box


Texto Daniel Faria


VARIEDADEs

E o mundo se curva perante os encantos da China. Um quê de repressão, um quê de ostentação, mas como diz o dito “Quem não tem olho grande não entra na China.”

Varrendo as mazelas pra baixo do tapete, o gigante asiático abre seus portões e portais ao mundo. Nem tanto. Ele deixa as portas semi-abertas, até porque é preciso manter o estilo e preservar a cultura milenar de um povo que está acostumado a seguir sem questionar.

Dizer que o espetáculo de abertura seria um show é praticamente “chover no molhado.” Os caras são bons na construção do coletivo copiado, idêntico e sincronizado. Os ritmistas tocando tambor é a prova mais clara desse coletivo. Até tentei ver se alguém saia do ritmo, ou levantava mais o braço que o outro, mas foi quase impossível perceber falhas.

Parece que o mundo embasbacado com as maravilhas de lá, fica tentando achar erros para criticar o momento, que dificilmente será superado por outro país. Fica para Londres a missão de mostrar algo mais comovente ou mais tecnológico, como queira.

Alguns momentos me lembraram o trabalho da nossa carnavalesca Rosa Magalhães, que no carnaval dos 500 Anos do Brasil, visitou todos os países que eram explorados pela coroa portuguesa, na época do descobrimento.

Sobre os gastos públicos é um absurdo sem dúvida, mas como o sistema chinês não dá ao seu povo o direito de se sentir dono de sua própria riqueza monetária, fica aí a lição para os capitalistas e principalmente para o contribuinte brasileiro, que deve estar atento e não apenas empolgado com essa iminente possibilidade de sediar o espetáculo.

A sensação mundial criada pelas Olimpíadas é como se o evento se tornasse a grande panacéia do mundo. Todos são iguais, não há pobreza, não há mudanças climáticas, não há desemprego. Só esse clima de paz universal. Por outro lado, a gente precisa dessas distrações para ir tocando o barco. Enquanto isso, os atletas buscam ser ou o mais rápido, ou o mais forte, ou o mais alto.

Eu ainda prefiro um China in Box e de brinde um biscoito da sorte, com alguma mensagem reflexiva positiva. [Risos]

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Existe mesmo a pessoa certa?

Reflexões

Texto Daniel Faria
Uma conversa acalorada com uma amiga me levou a refletir sobre as relações afetivas nos dias de hoje. Existe mesmo a tal da cara metade? A clássica tampa da panela? A complementar metade da laranja?

Depois de algumas horas falando sobre o tema, cheguei a uma conclusão que pode ser momentânea, pois no campo das relações pessoais e dos relacionamentos não há um instante congelado e definitivo. Enfim, não existe a pessoa certa, não nos moldes lúdicos e poéticos imaginados na adolescência, e sim uma imagem de aceitação criada ao longo do convívio e das descobertas.

O casamento clássico já não existe com tanta freqüência, não que ele tenha deixado de ser um contrato social. Porém, hoje, há uma flexibilidade no momento de decidir, a escolha é feita pelas pessoas envolvidas e não mais obrigatoriamente por uma imposição familiar pontuada pela concessão de dotes e o fortalecimento dos interesses em muitas vezes puramente comerciais.

Porém, a liberdade de escolha trouxe consigo outros complicadores. Há uma corrente forte dos que não querem assumir compromisso com ninguém, até por que a sociedade encara com mais naturalidade os “solteirões” e “solteironas” de plantão, que por uma série de fatores adiaram o matrimônio ou por terem ojeriza mesmo de dormir e acordar ao lado da mesma pessoa todos os dias.

Há aqueles que por terem tanta liberdade de escolha se perdem na diversidade, ou colocam à frente de seus sentimentos rótulos sociais e padrões criados pela moda e até mesmo pelo status social. Esse tipo de pessoa sempre que se interessa por alguém, fica preocupada com o que os outros irão dizer e ate mesmo pensar a respeito e perante tanta insegurança preferem assumir um comportamento meio kamizake. Nesse caso, ou permanece solteiro ou mergulha de cabeça na primeira relação que pintar, pagando o preço de sua escolha e muitas vezes se reduzindo ao papel de coadjuvante das vontades do parceiro (a).

A idéia não é questionar esse ou aquele individuo, e sim refletir se vale a pena viver em função da pessoa certa, ou buscar um amor de verdade, que pode ser a pessoa errada ou muitas vezes completamente diferente daquele padrão que foi imaginado, sonhado e desejado. Seria talvez uma questão a ser pensada de forma adulta e com muito desprendimento para romper qualquer barreira, e principalmente os paradigmas pessoais e as vaidades amparadas em preconceitos.

Enfim, a pessoa certa pode ser aquela que traz consigo não o amor instantâneo, a paixão a primeira vista, mas sim a afinidade, a conversa amigável, a admiração e o sentimento construído e conquistado a longo prazo, no decorrer da relação. Dentro de uma situação que pode começar na amizade, através de um gosto pessoal em comum, de uma mensagem eletrônica interpretada de uma forma diferente e também pela simples atuação do destino, que move, modifica, cria e recria situações entre as pessoas.

E assim vai....

E a vida segue...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Limpeza dos Princípios

Criança é criança, pode ser engraçado ver sua sobrinha de 4 anos de idade falando que beijou o menininho da escola, e seu afilhado falando palavrão para o vovô, e ambos ensaiando uma dança esfrega-esfrega para um show de calouros qualquer, é triste ver isso, é fato que vivemos a modernidade e o ser humano evolui mais rápido, mais o que se vê a cada dia é uma “desovulação” de coisa que não presta.
Desovulação? Claro, evolução de “hormônios” ruins que atacam a cabeça das crianças mais cedo. (enfim, dá para fazer várias associações com essa palavra, inventada, que fique claro...).
Quando não são as crianças que tem contato com esses programas “extraordinários” da televisão são os próprios programas e desenhos infantis que fazem o papel de “lobo mau”. Esses estão regados de más mensagens e maus exemplos. O que conta não é só o contexto do desenho; violento, consumista, fútil, ou “inocente”, mas também a “tia” que apresenta toda esbórnia.

-“Mais meu filho já é um hominho”

...ou não?! rs



Prazer, eu sou Luiza Prado e estarei com vocês a partir de hoje..boa sorte.rs

terça-feira, 15 de julho de 2008

Caos real e virtual

Cotidiano

Texto Daniel Faria

Depois de me tornar o mais novo “Garanchoso” e de até me aprofundar um pouco mais nos encantos do Festival de Parintins, volto ao mundo dos blogs pra papear um pouco com o povo do ciberespaço.

Como um escândalo sempre supera o outro, as últimas mortes brutais no país tem deixado o caso Nardoni de lado. A inocente criança que virou notícia da pior maneira possível, talvez só volte à luz em novembro, quando será comemorado o Dia de Finados. A não ser é claro que algum fato novo ou uma confissão seja realizada.

A greve dos condutores de São José dos Campos mostrou que quando não há acordo o caos é o fim. Aplaudida por uns, odiada por muitos a paralisação fez com que os moradores dessem seus pulos e até de certa forma se sensibilizassem com os problemas vividos pela categoria. É aquela coisa, o serviço é de utilidade pública, mas as pessoas só valorizam quando deixa de existir ou de funcionar.

Por falar em funcionamento, o caos na “bunda larga” da Telefônica deixou os consumidores do serviço de internet rápida de orelhas em pé. Eu fiquei sem conexão por alguns dias e acompanhei pela TV as explicações misteriosas para o ocorrido. Quem sabe agora o serviço melhore, pois pelo preço cobrado, funcionar de forma eficiente é o mínimo que se espera.

Ano eleitoral; greves pipocando no país. Será que a nova regra para divulgação do material eleitoral irá de fato funcionar. A idéia é linda. Uma campanha super limpa, sem excessos e com CNPJ até nos famosos “santinhos.” Tomará que essa onda de praticar a transparência funcione não só na hora de se eleger mais também durante os anos do mandato.

Dia desses saí pra comprar umas bobeiras necessárias e ao exigir a Nota Fiscal Paulista, a atendente me olhou com aqueles olhos meio raivosos e um ranger de dentes peculiar a quem não estava muito a fim de ser solicita. No final ela acabou cancelando o primeiro registro e me concedendo a nova nota. Não adianta fazer campanha publicitária alertando os consumidores sobre os seus direitos, se do outro lado, as empresas não investem em seus funcionários e os motivam a trabalhar de forma a ter satisfação no que faz.


Se você ainda não fez seu cadastro para acompanhar o lançamento das notas fiscais, acesse o link abaixo:

http://www.nfp.fazenda.sp.gov.br/

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O mais novo "Garanchoso"


Fonte: www.band.com.br/parintins

VARIEDADEs

Texto Daniel Faria

Depois de acompanhar [pela televisão] pela primeira vez as três noites do Festival Folclórico de Parintins, cheguei à conclusão de que sou um dos mais novos torcedores “Garanchoso” do país. O evento mostrou a riqueza cultural produzida pelos moradores da Ilha de Tupinambarana, localizada em Parintins, no estado do Amazonas.

O espetáculo é simplesmente interessante em vários aspectos, a começar pela forma com a história é contada, a divisão dos atos e a superprodução para receber as principais estrelas da festa e como a celebração é para o Boi, ele é o personagem cênico mais aguardado e festejado.

FESTIVAL - O primeiro dia da apresentação dos Bois Garantido (vermelho e branco) e Caprichoso (azul e branco) foi marcado por surpresas e metamorfoses plásticas de efeito arrebatador. Ao mesmo tempo em que me encantava com esse novo tipo de sonoridade, que me lembrou em muito o boi do Maranhão, ia me deixando seduzir pela beleza das roupas, versatilidade da montagem dos cenários e a complexidade do enredo, que é recheado do misticismo originado pela mistura do indígena com europeu e o africano.

A musicalidade é um capítulo a parte, pois o som produzido não é tão pesado como o “tum” “tum” “tum” das escolas de samba, o que facilita acompanhar o ritmo que é muito bem marcado pela galera nas arquibancadas do bumbódromo.

Cada apresentação é limitada ao tempo máximo de 2 horas e 30 minutos. E, nesse ínterim, adentram a arena o Boi, a Rainha do Folclore, a Sinhazinha, a Cunhãporanga e o Pajé. Além, do Pai Francisco, da Mãe Catirina, do Amo do Boi e do mestre de cerimônia que são os primeiros a entrar em cena.

A segunda noite foi pontuada pelo misticismo e por alegorias ainda maiores. Os seres mitológicos da floresta invadiram a arena com suas cores vibrantes e efeitos de fazer cair o queixo. O melhor momento foi quando o cantor de toadas do Boi Garantido cantou “Vermelho” que foi gravada e divulgada pela cantora paraense Fafá de Belém.

O Caprichoso iniciou as apresentações da última noite e reafirmou sua imagem de Boi Luxuoso, enquanto o contrário é o Boi do Povão. Entre as lendas apresentadas, a da Mandioca, que me lembrou os trabalhos escolares clássicos do mês de agosto, mês do folclore.

COMPREENSÃO – A princípio achei que seria mais difícil entender o desenvolvimento cênico do festival, mas os anos de carnaval me deram algum “feeling” pra não ficar viajando tanto. Como o boi foi importado do Nordeste do país, a história central é a mesma, o que muda é o enredo, que é tão fantasioso e lúdico como o próprio carnaval.

COBERTURA – Sobrou boa vontade, mas faltou técnica na cobertura e principalmente na apresentação. Embora o Datena tenha se cercado de bons comentaristas (um de cada boi e Milton Cunha nos comentários artísticos) ele acabou excedendo na euforia em muitos momentos, o que tornou sua presença cansativa e maçante. Ele é bem intencionado, mas parece que esquece que o espetáculo é audiovisual por si só. O espectador precisa apenas da informação necessária e não de uma chuva de adjetivações.

INFLUÊNCIAS – É muito positiva a troca que vem acontecendo entre o Boi do Amazonas e o carnaval do Sudeste. Digo Sudeste, devido ao fato do Rio de Janeiro e de São Paulo ter em seus efetivos artistas parintinenses, o que tem feito com que as alegorias do Sul ganhem em tamanho, mas principalmente em movimentos mecânicos que são viabilizados por meio da instalação de cabos de aço.

COMPARAÇÃO – É tolice comparar os espetáculos, embora seja quase irresistível traçar tais comparações. Durante a transmissão muitas similaridades e pontos positivos de um sobre o foram apontadas. Porém, penso que o mais sensato a fazer é respeitar as características regionais de um e observar os efeitos midiáticos e internacionais do outro.

FUTURO – O contrato para transmissão em canal aberto é até 2.010. Nas sonoras gravadas nos três dias de festival, os políticos da região já apontaram os planos futuros para o evento, que atualmente comporta 35 mil pessoas nas arquibancadas (0800). Com essa divulgação a festa promete extrapolar as barreiras da mata e ganhar ainda mais o Brasil e o mundo.

MARKETING – Para atender aos consumidores locais e divulgar suas marcas, as empresas não pouparam mimos. Todos os patrocinadores modificaram as cores de suas logomarcas para atender os requisitos de separar muito bem, o azul e branco do vermelho e branco.

PASSADO – No carnaval de 1997, a X-9 Paulistana fez um enredo sobre a Amazônia e citou o Garantido e o Caprichoso. No ano seguinte, os Acadêmicos do Salgueiro lançaram um compact disc independente com o enredo sobre o Festival de Parintins. O samba de enredo foi pouco divulgado, pois não saiu com os demais, mas na avenida a escola promoveu uma grande transformação visual ao absorver para si vários elementos da cultura amazonense. Entre os destaques, a escultura de um Mapinguari gigante feito do mesmo material utilizado nas cabanas dos caboclos e índios.

INEDITISMO - Quando se diz que o Brasil não conhece o Brasil, o que me resta é concordar em gênero, número e grau. Pois, a transmissão em rede nacional do evento levou 43 anos para acontecer, sendo que o boi é celebrado em Parintins há 95 anos. Mas, antes tarde do que nunca.

Que venha o próximo, pois como novo “Garanchoso” eu já reservei o último final de semana de junho para acompanhar as toadas, as pajelanças e evoluções dos bois parintinenses e agora brasileiros.

Memórias que falam ao coração

Texto: Tati Domiciano

Passei por um período de improdutividade. Falta de criatividade. Nada. Nem uma letra, nem um pensamento. Nem uma folheada naquele livro de filosofia de cabeceira. Nadinha. Foi um mês difícil. Talvez agora, que já passou, eu consiga entender o porquê. No mesmo mês do ano passado eu perdi uma pessoa muito querida. Faz um ano. E parece que foi ontem.

Na verdade, não gostaria de resgatar a dor e a tristeza que senti. Resolvi escrever – e desta vez com caneta em punho – sobre como é bom lembrar das coisas boas que acontecem na vida ou das pessoas que deixam memórias inabaláveis. Relembrar bons momentos. Com a Dona Cida foi assim. É assim. Como se ainda pudesse ouvir aquela gargalhada inocente ou o barulhinho de seus chinelos se arrastando pelo corredor do apartamento. Sua meiguice, sua doçura. Lembro também da caixinha de jóias dada como presente pelo meu aniversário. Quanto valor guarda esta caixinha de veludo em formato de um coração. Coisas simples, caras, que falam ao coração.

Resolvi fazer este post para explicar meu desaparecimento e dizer que estou de volta. Como este é um espaço livre e aberto, tenho certeza que o Diego vai entender. Gosto de terminar com Nietzsche, mas, desta vez, vou citar uma frase que li recentemente:

“Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta”, Carl Gustv Jung.

É isso aí. Estou de volta.

CARTA AO AMIGO BOI...

GOSTARIA DE DAR CONTINUIDADE Á SUA LINHA DE PENSAMENTO COM ALGUMAS RESSALVAS MINHAS. ENTÃO, LÁ VOU EU!!!
A MINHA TRAJETÓRIA DE VIDA TAMBÉM DEU DIVERSAS REVIRAVOLTAS, EU SOU SUBVERSIVO NA ESSÊNCIA E ISSO ME AJUDOU A CHEGAR ATÉ AQUI.
TAMBÉM JÁ PASSEI POR PROVAÇÕES E QUASE ME TORNEI UM ENGENHEIRO, MAS O “FOGO NO RABO” DE SEMPRE PREZAR PELA FELICIDADE, EMBORA INATINGÍVEL, ME FEZ CRER QUE MUDANÇAS DE EMPREGO E NO MODO DE CONDUZIR A PRÓPRIA VIDA SÃO POSSÍVEIS.
MAS AÍ VOCÊ DIZ: “MAS VOCÊ NÃO TEM FILHO PRA CRIAR...”, AÍ EU TE DIGO: “PORQUE VOCÊ NÃO PLANEJOU ISSO ANTES?”. SIM, MEU AMIGO, PARA CONDUZIR E DAR NOVOS RUMOS NA VIDA TEM QUE TER PLANEJAMENTO. MESMO SENDO SUBVERSIVO.
OUTRA COISA, AGORA VOLTANDO PARA MEU AMIGO BOI, EU TAMBÉM SOU AVESSO A SHOPPING CENTERS. EU DEVO PASSAR POR LÁ UMAS 4 OU 5 VEZES POR ANO, SEMPRE EM DATAS COMEMORATIVAS RELACIONADAS AOS MEUS FAMILIARES. CASO CONTRÁRIO, SEMPRE COMPRO PELA INTERNET.
MAS UMA COISA, BOI. AS PESSOAS QUE FREQUENTAM SHOPPING SÃO IDÊNTICAS ÁS LOIRAS DE COMERCIAIS DE CERVEJA. É SÓ PARA DESFILE DE EGO. NADA CONTRA AS LOIRAS DE COMERCIAIS DE CERVEJA, É APENAS ANÁLISE SOCIOLÓGICA.
UMA ÚLTIMA COISA, BOI. ALGUMAS VEZES TEMOS FRUSTRAÇÕES EM RELAÇÃO AO “FUTURO DA HUMANIDADE”; NÃO “PRIEMOS CÂNICO”, PORQUE O MAIS IMPORTANTE É NÃO DISCUTIR COM GENTE MAIS BURRA QUE A GENTE E TAMBÉM POR NÃO FAZERMOS PARTE DA MAIORIA (DE IDIOTAS). NÓS SOMOS A RESISTÊNCIA. UM ABRAÇO DO SEU AMIGO PEDRO BOLA. SUBVERSIVO ATÉ OS OSSOS!!!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Dead souls

[Por Fernando Lalli. Originalmente postado em meu journal.]

Desde criança sou fascinado por Shopping Centers, mas hoje eu odeio, muito especificamente, o Shopping Center da minha cidade. Não odiava há pouco tempo, mas quanto mais aquilo abriga lojas de grife e seus preços de três dígitos em pedaços de materiais sortidos transformados sob confecção de quinta categoria, mais atrai o rascunho tosco de classe média que floresce no Vale do Dinheiro Paraíba. Essa gente que vê no engarrafamento das ruas o progresso da cidade, ao invés de um problema crônico de falta de espaço e planejamento. Essa gente que almeja a compra de um Hyundai Tucson. Ou de um Audi. Ou alguma dessas merdas, que seja. Essa gente que lota o estacionamento do Shopping Center e pára o carro em cima de calçadas e gramados. Não dá mais para andar pelos corredores daquele lugar e não ser metralhado por olhares a procura de te reconhecer como um de seus pares. Tento correr. Berra, animal aflito. É a minha vontade. Quanto mais eu ando por entre aquela gente ansiosa por glamour urbano, mais queima em meu peito um violento rompante de Síndrome de Tourette - domado sabe-se lá como, ao preço da rigidez de minhas cordas vocais.

Eu quero comprar uma bermuda, mas as lojas em Julho só vendem calças. Quero comprar um tênis de corrida, mas entrar naquelas lojas coloridas e muito iluminadas com atendentes solícitos-e-jovens-e-cheios-de-vida não me atrai nem um pouco. Eu e minha corporeamente marcada inabilidade de convívio com hábitos saudáveis de exercício com certeza não passariam incólumes ao crivo daquela gente malhada, linda e cheia de vida.

- Está procurando um tênis para se exercitar?

Sempre quando entro numa grande loja de calçados eu me lembro por que nunca compro nelas. Eu gosto é das lojas pequenas nas quais o máximo que o vendedor diz é perguntar se eu também não aceitaria levar alguns pares de meias junto. Nas lojas pequenas do centro eu podia levar um tênis rosa da Hello Kitty número 43 e eles simplesmente passariam meu cartão e me deixariam ir em paz. EM PAZ! PORRA, TAUBATÉ, ME DEIXA EM PAZ. Eu só quero seguir meu caminho medíocre - medíocre aos olhos de vocês, que fique bem claro. Quero comprar algumas vestimentas para começar a fazer academia - do outro lado da cidade, onde ninguém pode me ver. Gostaria muito de ter o benefício de ser solenemente ignorado por vocês, se me permitem.

Depois da terceira loja, encontro um ex-colega de trabalho. Numa cidade de 250 mil habitantes, cuja única diversão noturna é freqüentar aquele maldito Shoppping, até que demorei pra encontrar alguém familiar. Foi impossível evitar o contato.

- E aí, Fernandão?
- Tudo certo? Indo jogar uma bola? - uma pergunta retórica bastante estúpida; ele trajava chuteiras e meiões até a canela. Não que eu não goste do cara, mas definitivamente não estava afim de papo. Procurei não ser mal-educado, embora o meu mal-jeito quando estou mau humorado seja espalhafatoso. Ele se despediu e foi jogar bola. Então dei não mais do que vinte passos e aconteceu de novo.

- Bôi!

Um camarada da época do 2º grau. Omita-se a identidade. Promessa de papo longo. Fazer tantos amigos na adolescência para crescer e descobrir que, na maioria dos dias, você odeia pessoas. Ganhei na loteria.

- Bôi, tudo bem, cara?
- Tudo certo. E contigo? Fazendo o quê da vida?
- Continuo na fábrica, lá, na correria - 90% das pessoas em Taubaté trabalham em uma fábrica ou em alguma empresa que presta serviços a uma. E 100% delas estão na correria. - E você tá trampando onde?
- Numa produtora de vídeo. Me formei para escrever, mas acabei trampando com edição de vídeo. É o que me rende uns trocados, hoje.
- Mas você não vai lá pra frente da câmera e faz uns comentários?
- Não, nunca. Meu negócio é fazer as engrenagens funcionarem nos bastidores.
- Quer saber? Eu sempre imaginei você como comentarista. Você é um bom comentarista. Tipo, você é um cara que tem uma opinião diferente do resto, não vai com a maioria.
- Fico feliz em saber que essa é a imagem que ficou de mim.
- Quando eu vejo aquele José Nêumane Pinto no SBT, eu lembro de você na hora. Ele descendo o sarrafo em todo mundo, é a tua cara.

"José Nêumane Pinto descendo o sarrafo em todo mundo" é a visão análoga da minha persona de anos atrás. Meus traumas surgem como formigas no chão.

- É mesmo? Eu pareço o José Nêumane?
- Haha, não fisicamente!

Ufa.

- Você parece com o José Nêumane porque é cheio de opinião. Ouve o que todo mundo diz, mas depois vai lá e dá a sua opinião. E geralmente discorda.

Ele me deseja sucesso, me cumprimenta e vai embora. Ele me lembra o quanto a educação mecânica que nos dão é capaz de destruir uma pessoa; essa obrigatoriedade de todos nós virarmos adultos tão cedo. Aos 21, temos que ter uma faculdade e um emprego, não importa se nossos ossos do crânio ainda nem estejam devidamente colados. Esse rapaz era muito mais cheio de vida e alegria. Hoje tem um emprego mediano, deve ter concluído a faculdade que tinha planejado fazer para assumir o negócio do pai, e vive essa vida de, QUE PUTA MERDA, passear no shopping às segundas, porque não há mais nada a fazer. E que torce por quem ainda tem veias pulsantes paar que faça algo de útil de suas vidas. Nós, os "Josés Nêumanes", no caso, que batem a cabeça contra o muro diversas vezes ao dia pela simples incapacidade da prática do auto-engano.

As pessoas não ficam mais fortes e iludidas quando se adéquam ao sistema. Pelo contrário, é perdendo a luta contra o medo que elas viram esses fantasmas de gente que eu conheci tão promissora, tão vívida, e hoje tão comum, perdida, diluída entre a população comum, besta e insignificante. Esse meu amigo é o retrato de uma cidade que, em troca do progresso econômico, enfiou sua alma no cu, com muita areia, asfalto e concreto.


"Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor"

- Taiguara

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fimose cerebral


Texto Daniel Faria

VARIEDADEs

Nossa! Fui acometido de uma fimose cerebral que me impediu de pensar nos últimos dias. Foi como uma anestesia geral, que fez adormecer o corpo e a mente. Meu cérebro apenas captou algumas mensagens televisivas e impressas.

Do que eu vi ou li algumas coisas me deixaram feliz, outras nem tanto. A leitura inicial das sinopses da Mangueira e da Beija-Flor foram coisas que me deixaram empolgado. A primeira vai contar a formação do povo brasileiro, mas sem as afetações clássicas. A inspiração da escola vem dos estudos de Darcy Ribeiro. A Beija vai mergulhar na história do banho e pra terminar como é de praxe o banho de axé. Saravá!

Finalmente a história da GM de São José dos Campos teve um desfecho favorável aos trabalhadores. Depois de tanto apanhar da opinião pública, o Sindicato dos Metalúrgicos pode, enfim, comemorar e impedir que o banco de horas tão aplicado no comércio se torne uma realidade dentro das fábricas. Enfim, os 600 postos de trabalho temporário serão abertos, mas sem que os direitos conquistados e garantidos pelas lutas sindicais sejam atropelados pelo aumento da produção e a necessidade incessante de visar apenas os lucros.

O valor da antecipação da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) da GM também foi uma notícia que me deixou feliz. R$3.500 dinheiros! Quem não quer? Sem a necessidade de descontar 10%, dá até pra fazer uma extravagância. Risos.

Gostei de ver e ouvir o jornalista Fernando Morais relatar sua experiência de escrever sobre o escritor, mago, músico e estranho Paulo Coelho. Nunca li um livro dele, mas biografias são interessantes por si só. Ainda mais de um cara tão cheio de altos e baixos.

Entristeceu-me saber que encenar o caso Nardoni está virando moda. A versão joseense não foi “bem sucedida.” Sorte do garotinho. Agora alegar insanidade mental mais uma vez é a saída. Vivemos num país de loucos. Fechem as cadeias e abram mais manicômios.

Buaaaá! Não consegui ver nada do SPFW. Estou arrassado...(Risos). Em compensação ri muito com as dicas da Leandra Borges (Ingrid Guimarães) ela sozinha é muito mais engraçada. Observando a propaganda do shampoo que tem a Gisele como garota propaganda, fica claro de onde ela tirou aquele sotaque...

Ano passado ter uma caderneta de poupança era algo mais importante do que ter um carro, mas com a volta do dragão, nem se fala mais dela. A compra da casa própria por meio de financiamentos da Caixa Econômica também foi rapidamente abafada. Muitas propagandas sumiram rapidamente da TV. O mercado reage muito rápido aos descompassos da economia brasileira e mundial. Isso é uma notícia que me deixou espantado.

Para fechar em alta! Receber uma resposta positiva é sempre uma boa notícia. Temos essa necessidade de equilíbrio de alimentar nossas esperanças. Deve ser por isso, que foi criado o happy hour. Para extrair de um dia aborrecido alguns momentos de luz.

Ah! Não se esqueça! Agora bebeu! Fudeu!!!

domingo, 22 de junho de 2008

Omedetô Japão, Arigatô Brasil!


Já que estamos em plena comemoração pelos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil com inúmeros eventos acontecendo em todo o país, resolvi estrear minha participação nesse blog. Afinal eu sou a única representante nipônica (Sim! Não sou índia, nem cingalesa) desse grupo todo.
Não fui ver em lugar algum, o que é realmente uma lástima, as homenagens aos japoneses que vieram ao Brasil no Kasato Maru. As que eram gratuitas não conseguir ir e para a cerimônia fechada fiquei sem meus convites, que eram dois. Os quais foram muito bem utilizados por meus pais, que se encontram nesse exato momento no Sambódromo de SP, no evento que encerra as comemorações.

Nunca fui boa em matemática tampouco vivo uma vida regrada. Não que eu seja burra ou porra louca, mas quando se pensa em japoneses, isso é quase um clichê. Todo mundo provavelmente já estudou com um “japa”, nerd, tímido, ou que não era exatamente o típico garanhão. Mas a verdade é que eles estão aí, se classificando nas Fuvests, nas Olimpíadas de Matemática da vida, ou qualquer coisa que envolva um alto grau de inteligência
. É claro que existem exceções, mas as pesquisas não mentem. E eu que nunca me encaixei em pesquisa alguma já me perguntei muitas vezes, se eu realmente sou uma sansei.
Sou neta de japoneses, pelo lado de meu pai, a família Yoshida (que é quase como Silva, Pereira no Brasil, de tão comum). Não sei muito sobre a história de meus avós. Eles faleceram já há algum tempo e hoje lamento por não tê-los perto para lhes perguntar tantas coisas que gostaria de saber. Tudo que sei é o que os meus tios, meu pai contam e as lembranças que tenho da minha infância. Segundo meu pai, eles vieram um tempo depois do navio ter aportado em Santos. Tanto meu “ditian” (vô) como minha “batian” (vó), falavam português embora em algumas conversas misturassem um pouco com o japonês. Lembro-me de ir a casa deles e ficar olhando para as fotos de várias gerações na parede da sala. A única que tinha conhecimento era de meu bisavô, vestindo um traje característico dos monges japoneses. O que depois fiquei sabendo: Ele era realmente monge e foi o responsável pela construção de um templo budista existente em Suzano/SP.
Nossa família japonesa é bem tradicional. Muito da cultura foi preservado até hoje. Temos as cerimônias de aniversário de morte onde depois é servido um almoço, que mais parece um banquete de sushis, sukiyakis, gohans; os envelopes com dinheiro, as palestras sobre budismo ensinadas em japonês com tradução para o português (desejo da minha batian, que queria a família em contato com a religião), o “hotokesan” (altar japonês) onde acendemos "senkôs"(incensos), o "ôfuro" (banheira com água acima de 36º) que todos da família tem em casa...
Tanta coisa... Isso sem contar tudo que passei a ver melhor sobre o meu povo (pelo menos, parte dele) quando fiz o caminho inverso. Mas isso deixo para próxima...
Agora tudo que sei é que depois de todas essas comemorações, estou decidida a investigar melhor sobre minhas origens. E espero ter humildemente contribuído para homenagear aqueles que há 100 anos atrás chegaram aqui para dividir com o Brasil, esse país tão acolhedor, um pouco de nossa cultura.

Como disse meu pai, em toda sua sabedoria oriental: “Você não estaria aqui se não fosse por isso”.

Cabe uma propaganda básica?
Minha mãe (a parte brasileira da família) organizou uma exposição e uma série de atividades na ilustríssima cidade simpatia em homenagem, não ao meu pai, mas sim ao centenário.

Se der cola lá:

Dia 26 de junho a partir das 9h

Caçapava/Sp

Praça da Bandeira S/N

sábado, 14 de junho de 2008

O Cheiro

Ele não gostava muito de transportes alternativos. A pressa, porém, fez com que ele tomasse a primeira van no sentido de sua casa. Eram só ele e o motorista, mas não quis sentar-se na frente. Sabia que o motorista ia puxar papo e ele não era, definitivamente, do tipo sociável.
Um ponto a frente foi deposto do seu reinado solitário no banco dos passageiros. Cinco pessoas adentraram para acompanhá-lo na viagem. Acomodaram-se todos nos primeiros bancos, apertando-o, já que ninguém se prestou a ir aos bancos do fundo. Ele teria ido se soubesse. Agora era tarde demais.
Irritado, procurou pensar em outras coisas e ignorar as pessoas a sua volta. Contudo, um cheiro estranho foi se apossando aos poucos de suas narinas. Um odor desagradável que ele não conseguia identificar nem comparar com nenhum outro odor.
Olhou bem a moça ao seu lado. Parecia ter uns 28 anos, cabelo com pedaços loiros e castanhos, típico das mulheres que tingem o cabelo e deixa que as raízes vão crescendo na cor natural, esquecendo de renovar a tintura. Não parecia vir dela o cheiro. Ao lado da moça de cabelo bicolor, um garoto que não devia ter mais do que 16 anos e provavelmente era office boy, cheio de papéis na mão, mp3, fones no ouvido e o gorro da blusa na cabeça. Sim, poderia vir dali o cheiro.
De frente, bem a sua frente, uma morena linda. Olhava perdidamente pela janela. Ele queria que ela olhasse para ele. Mas era como se ele não existisse. Dela, só poderia vir algum cheiro bom, não se odor que já irritava as narinas.
Uma senhora, bem velhinha, com roupas de frio, apesar de um clima abafado, estava sentada entre a morena e um rapaz de terno que aparentava meia-idade. Dentre todos os passageiros, apostou na velhinha. Só poderia vir dela esse odor.
Estranhou o fato de todos parecerem tão compenetrados em seus pensamentos e nenhum dos passageiros aparentar estar se incomodando com o cheiro. Ele fazia esforço para não ter que tapar o nariz com a blusa. O cheiro já lhe dava náuseas.
O homem de terno e a moça do cabelo bicolor desceram da van. Já tinham sido praticamente descartados como candidatos a donos do odor. E, como ele já previa, o cheiro continuou. A velhinha desceu no ponto seguinte. Pronto, agora esse cheiro ia embora com ela. No entanto, o seu nariz continuou a não suportar o que lhe chegava às narinas.
O boy era sua segunda opção. Esboçou uma cara feia na direção do garoto, mas a música nos ouvidos não o deixava prestar atenção em nada que os outros sentidos percebiam. Talvez por isso não percebesse o próprio cheiro.
O boy foi o próximo a descer. E, para seu terror, o cheiro continuou. A morena linda! Como as aparências enganam. Ficou triste de verdade. Poxa, porque ela cheirava assim? E o que era aquele cheiro que era tão horroroso, contudo não era exatamente fétido nem putrefato, nem azedo nem enfumaçado?
Há momentos atrás ele até aceitaria casar com ela. Tentou se distrair do cheiro buscando um olhar dela na sua direção. Tanto esforço e ela cheirava tão esquisito.
A morena linda desceu sem chegar a olhar na sua direção. Porém, não levou consigo aquele cheiro. Coisa estranha. Se não era ela quem cheirava assim e não poderia ser a van ou motorista já que quando entrou não sentiu o cheiro, quem é que estava exalando algo tão ofensivo às narinas?
Foi então que caiu em si e, deixando-se de perder entre julgamentos e reflexões, concentrou-se apenas em tapar o nariz com a blusa e esquivar-se de seu próprio cheiro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem guardará os guardiões?

por diego sieg





Neste instante, isso mesmo, exatamente neste segundo, provavelmente algumas dezenas de milhares de pessoas no mundo efetuam uma transação financeira através de seus cartões de crédito e débito. Junto a isso, o mercado de ações -- concentrado em diversas bolsas de valores mundiais --, o fluxo de capital on-line (e-commerce) e as transações bancárias cotidianas, como um depósito, um saque ou uma transferência de valores são outros exemplos simples de estruturas econômicas complexas projetadas e administradas às luzes da tecnologia, sobretudo da cibertecnologia. Portanto, idéias de sociedade em rede e aldeia global, pensadas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells e pelo filósofo canadense Marshall McLuhan respectivamente, tornam-se mais do que evidentes em nossos dias. Afinal, há aproximadamente 25 anos, construímos de maneira pseudo-voluntária uma realidade globalizada em questões sociais, econômicas e culturais. Transformando-nos em uma “pequena ilha gigante”, habitada por diferentes espécies animais, naturais e bytes, dentro de uma imensa e complexa galáxia – A Galáxia da Internet.

Vamos ao que nos interessa. Durante o ano de 2006, quando realizava o meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, veio-me à cabeça uma questão preocupante e ao mesmo tempo instigadora: A Internet consolidaria o sistema capitalista ou o mandaria para o ralo? Bom, longe de profecias, mas carregado da influência dos livros e artigos que lia na época, perdi horas de sono refletindo sobre isso e, agora, gostaria que vocês também perdessem algumas. (risos)

Como todos sabem, a Internet nasceu de um projeto do governo norte-americano durante a Guerra Fria. Porém, mesmo tendo sua origem em um sistema fechado, a rede nunca possuiu uma estrutura semelhante. Muito pelo contrário, o espírito anarquista habita o ciberespaço desde o seu nascimento. Este fato deve-se às características da complexa estrutura que forma a Internet e ao padrão comunicacional inovador emergido dela – o sistema todos para todos. Na década de 1990, a Internet ganhou as graças da população física e comercial e a partir de então tornou-se o fenômeno que conhecemos hoje. Afinal, quem de nós atualmente consegue viver sem estar pelo menos por poucos minutos on-line na rede?

Bom, voltando a questão central deste post... Não sei se todos sabem, mas por trás de todo este avanço tecnológico existem algumas personagens principais, que aqui no Brasil foram classificadas como Ciber-Rebeldes pelo pesquisador André Lemos. Sim, quem fez e faz a Internet e os microcomputadores evoluírem a cada segundo são os famosos e temidos hackers, crackers, phreakers, cypherpunks e companhia. Vale complementar que não devemos generalizá-los, pois cada um deles possui características distintas tanto nas ações como em suas ideologia de vida, ok? (Ah, quem tiver interesse em conhece-los mais a fundo é só deixar um comentário no post, que enviarei por e-mail a minha pesquisa monográfica sobre o assunto, ok?).

Após pesquisar muito sobre o tema e discutir com minha amiga Tatiane Domiciano sobre a frase do livro Fortaleza Digital, de Dan Brown, “Quem guardará os guardiões?”, cheguei a uma conclusão um tanto quanto assustadora. (musiquinha de suspense!rsrsrs)... Atualmente, praticamente todas as grandes empresas, principalmente aquelas voltadas ao sistema de capitais, mantêm em suas estruturas um verdadeiro exército com as melhores cabeças do mundo nessa área. Esses heróis guardiões recebem muitas vezes salários exorbitantes e são quase que deuses dentro do templo capitalista. Porém, agora fica no ar aquela dúvida cruel: Até quando estes homens estarão felizes com tanto dinheiro? Eles nunca irão se rebelar contra o sistema? Seja por ideologia, loucura ou coisa que o valha. Afinal, estes poucos homens possuem a faca e o queijo na mão para arruinar o tão promissor capitalismo on-line ou digital. Pense bem, eles possuem conhecimento suficiente para poder apagar todos os dados do mercado financeiro em poucos segundos. Imagine só o desastre que seria para uma empresa de cartões de crédito ou para um banco perder um dia inteiro de movimentações financeiras. Seria um verdadeiro colapso e o sistema entraria nunca crise sem precedentes. Não acha?

Bom, particularmente, eu ainda acredito em uma frase que ouvi há muitos anos: “A verdadeira revolução não será transmitida pela TV”. (mais risos, agora com aquele ar totalmente sarcástico). Sim, tudo leva a crer que os revolucionários do século XXI serão estes sujeitos treinados e bem pagos pelo próprio sistema capitalista e que a futura revolução será totalmente invisível. Portanto, prepare-se pois dentro de alguns anos, ao acordar pela manhã o seu mundo será outro.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O PODER DO DINHEIRO NA NATUREZA!!!

" O apresentador Luciano Huck e o empresário Ed Sá Sampaio, Galdêncio está erguendo oito bangalôs de luxo para receber famosos e endinheirados em Fernando de Noronha."

Como vocês devem saber, Fernando de Noronha, em Pernambuco é uma área de preservação. E até para fazer turismo na região o controle é rígido e há uma série de regras de conduta a seguir, sem contar os períodos de visita.
Mas como o "narigudo esclarecido" trabalha em um canal poderoso, ele está isento de qualquer condenação por parte da imprensa e a área será apropriada pela classe alta, e o povo local,(a maioria que não for contratada para trabalhar nas pousadas), passarão fome e terá sua subsistência esgotada. Ou alguém acha que será tomada alguma providência contra essa atitude. E depois o cara vem reclamar de roubo de rolex!!! Vá pedir decência na C.D.C. Viva o Caos!!!

link do ocorrido: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=153&breadcrumb=1&Artigo_ID=2236&IDCategoria=2289&reftype=1

o que estou ouvindo? Midnight Oil - Gravelrash

Sobre como o mp3 vai nivelar o universo musical - por baixo

[Texto por Fernando Lalli. Publicado originalmente no Cràse E-Zine]

Não que eu seja contra o download de mp3. Longe disso: sou um defensor ferrenho da distribuição ilegal de música - entre vários motivos, como forma de confronto ao preço extorsivo dos CDs nacionais. Ladrão que rouba ladrão... Vocês sabem. Mas há algo de muito grave no abandono do formato físico da música. E não estou falando do vilipendiado conjunto capa-e-encarte. Reduzir a música APENAS a uma forma de registro eletrônico cientificamente limitado é o perigo real que nossos ouvidos correm neste século.

Há alguns meses, herdei do meu pai o aparelho de som que ficava na sala de estar da minha casa. Um combo Gradiente ano 1991, grandão, um dos primeiros a contar com CD player, com caixas de surround independentes. Uma maravilha quando novo; hoje ainda dando um belo caldo depois de impiedosamente surrado em 16 anos de uso ininterrupto. Trouxe o trambolho pro meu quarto e liguei direto na saída de áudio do computador. Botei o winamp pra trabalhar e percebi o desperdício que é contar com um aparelho de som de qualidade para tocar mp3.

Uma das coisas que mais me irrita nessa polêmica CD versus mp3 é a completa SURDEZ dos defensores do formato eletrônico de distribuição de música. Nem vou me ater ao rito semi-religioso que é comprar uma obra artística e tê-la para si. Vamos ao fato concreto, puro e simples: o mp3 possui seu grau de qualidade baseado em taxa de compressão [128kbps, 256 kbps, etc]. Se ele comprime, ele reduz: causa perda de definição, certo? Não é uma mera tradução literal do que estava na fonte, é uma conversão. Joga fora boa parte da ambiência do som gravado ao eliminar freqüências que, mesmo inaudíveis ao ser humano, são importantes acusticamente falando.

Obviamente, se você escutar - exemplo contemporâneo aleatório - o primeiro disco do Strokes, a diferença entre um mp3 em 320kbps e o CD original é imperceptível, se a mensurarmos num aparelho de som com falantes meia-boca ou em caixinhas de som normais de PC. Isso envolve diversos fatores: principalmente a própria gravação original, abafada, pobre em freqüências agudas e graves [nenhum demérito da banda, no caso, já que essa é a pegada deles]. A coisa se complica quando a comparação envolve uma gravação rica em detalhes, como a de A Ghost Is Born, penúltimo e belíssimo disco do Wilco. A gravação, cheia de timbres intrincados e muito bem cuidados, sofre perda irreparável na conversão, mesmo quando se usa a taxa de compressão mínima. O dano à ambiência do som é claramente perceptível mesmo com fones de ouvido de qualidade mediana - que costumam eliminar por si próprios boa parte do "calor" do registro. Se você quiser ir mais longe [ou ainda não conseguiu perceber a diferença], faça o teste com o Vespertine, da Bjork. Ouça com atenção e desafio a não perceber a diferença.

Disparidades exemplificadas, a questão está no quanto isso te irrita. Pode correr a internet aí [como fiz] para perceber que todos os textos que defendem o formato mp3 tascam logo de cara a expressão "perdas de som imperceptíveis". Oras, minha audição nunca foi um prodígio e mesmo assim tenho ouvidos apurados o suficiente para se incomodar com agudos "metalizados" e graves "quadrados". Você também? Que bom. Estaríamos nós sozinhos contra um exército de neófitos latrinoriculares? Seriam estas as mesmas pessoas que não sabem distinguir marcas de cerveja pelo sabor sem olhar o rótulo?

Talvez essa rebeldia seja uma espécie de perda de referência que sofre quem nunca se educou a ouvir música registrada de modo analógico - leia-se vinil. Teoria nada furada se levarmos em conta que as fitas cassete [o mp3 dos anos 80 e 90] nunca tomaram o lugar do vinil [e do CD, posteriormente] justamente por não ter qualidade de som safisfatória. No caso, saturava e abafava o som das músicas - e tinha o cabeçote do player, que fodia toda hora, tinha que limpar, etc. Nêgo se virava com as fitinhas, mas não dispensava a compra do álbum, quando podia arcar com isso.

Não vou dar uma de purista [embora o seja, reconheço] e dizer que o álbum é um formato insubstituível - muito embora eu lamente esse fato porque nunca aprendi a ouvir música a granel. Música, para mim, é algo maior, é obra artística; e nisso está envolvido o conceito da capa, a estética do som, as letras. Se agora a indústria cultural fala para uma geração que mal se importa com quem foi o produtor do disco [Steve Albini, Nigel Godrich, quem?], então eu e mais tantos saudosistas vamos sofrer com o lado ruim dessa democracia. Sintoma da dessentimentalização da arte pop.

E da surdez coletiva.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

SKINHEADS...PUUUFFFFF!!!

ESSA SEMANA VOCÊS ESTÃO ACOMPANHANDO O CASO DE UMA TRUPE DE BABACAS QUE ESPANCARAM UM POLICIAL NA RUA AUGUSTA NA CAPITAL DE SÃO PAULO. O FATO, É QUE ESSES IMBECIS ATACAM PESSOAS PACÍFICAS E SEM CONDIÇÕES DE SE DEFENDEREM. ENTÃO, EU TENHO UMA SUGESTÃO PARA ESSE TIPO DE COMPORTAMENTO, PORQUE VOCÊS SKINHEADS, NÃO INVADEM O CAPÃO REDONDO E FAÇA COMO O PERSONAGEM DO BRUCE WILLIS NO TERCEIRO FILME DA SÉRIE DURO DE MATAR? COLOQUE UMA PLACA NO PEITO, DAQUELAS TIPO "COMPROU OURO", E ESCREVA EU ODEIO NEGROS E FIQUE EM QUALQUER ESQUINA DE LÁ (DO CAPÃO) PARA UM FATAL CONFRONTO, PRA VOCÊ É CLARO!!! AGORA SE NÃO QUISER, PENSE QUE NAS CADEIAS BRASILEIRAS, POR QUESTÕES SOCIAIS, OS NEGROS SÃO MAIORIA E VOCÊS PERDERÃO,(AGORA VOU SER CHULO)...A PORTA DO RABO COM CACETES PRETOS TAL QUAL OS PERSONAGENS DAS PIADAS DO COSTINHA!!!
AQUI ALGUNS FATOS DESSES CÂNCERES DA SOCIEDADE... http://busca.uol.com.br/www/index.html?q=skinheads+s%E3o+paulo&ad=on

E O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? VAI MORAR NA ALEMANHA...AH, O PAPAI NÃO PODE TE MANDAR, ENTÃO SENTA E CHORA!!!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Patroas Pilantras!!!

Esta é a minha primeira contribuição para este blog, que tenho muita honra em fazer parte. Hoje presenciei uma discussão de três mulheres nordestinas, elas estavam discutindo sobre o salário pago a uma delas.
A patroa de uma das mais velhas; todas empregadas domésticas, pagou a uma delas a quantia de 410 reais. Sendo que o que deveria ser pago era 450 reais, então, a mais "esperta" das moças falou pra empregada lesada: "porque você não vai ao sindicato e pega a folha onde explica isso e leva pra sua patroa?". Aí a mulher que recebeu apenas 410 reais disse que não sabia onde é o sindicato e nem como entrar em contato com os mesmos. Nem me interessa saber o que essa patroa faz com essa sobra de 40 reais, mas se puderem passem o endereço do sindicato e oriente a doméstica mais perto de você pra que isso não volte a se repetir...taí o endereço: http://www.domesticalegal.com.br/sindicatos.asp

O QUE ESTOU OUVINDO? SEX PISTOLS - NEVERMIND THE BOLLOCKS
http://www.badongo.com/pt/cfile/2316652 BAIXE E OUÇA!!!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Economize...


Texto Daniel Faria

Reflexões

É impressão minha! Ou nunca na história deste país se fez tanta publicidade e investimento nas vendas para o Dia dos Namorados. Perfumes, lingeries, chocolates, sexo não convencional, tudo para seduzir o consumidor e fazer com que os comerciantes faturem mais e por conseqüência aqueçam a economia brasileira.

As datas festivas puramente comerciais se tornaram o grande mote do comércio. Mal acaba uma data e vem outra, depois outra e mais outra. Quando vivíamos a geração da incerteza na economia comprar era um luxo. Hoje, comprar é existir. Compro, logo existo. Se você não compra está fora do universo do consumismo existencialista.

A tentação é tanta que o peso na consciência surge de várias formas. Há propagandas inclusive que usam e abusam da estratégia de causar sensação de remorso em suas intervenções mentais.

Porém, a propaganda não é vilã, nem um monstro que empurra todos em direção ao precipício dos centros comerciais. O problema talvez esteja no consumidor brasileiro, que ainda é muito novo e inexperiente na leitura dos códigos. Até porque dizer NÃO! É uma arte para poucos.

Talvez os primeiros sinais de maturidade surjam após atravessarmos a crise da alimentação, que ainda vai causar muita azia e deixar muitos de barriga vazia. Enquanto isso, o governo ataca o causador da crise, que ri, pois os golpes atingem no máximo suas canelas.

Conte suas moedas, mude seus hábitos alimentares, garanta seu futuro, compre um carro zero, atualize-se, use a roupa da moda, ECONOMIZE, pague em 60 meses, compre à vista, sem entrada, com apenas mais R$ 1, seja bonito, seja modesto, não desmate, compre uma estante de mogno, leia mais, divirta-se mais, durma mais, acorde cedo, descanse, use remédios homeopáticos, consulte seu médico, leia a bula, não fume, não beba, se beber não dirija, beba de forma consciente, seja responsável, adote uma criança, faça tratamento capilar, é dos carecas que elas gostam mais, tome isso, beba aquilo...ECONOMIZE, ame loucamente, aprecie com moderação...ECONOMIZE...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pra quem está em São Paulo

Hoje acontece o II Debate Jornalirismo, às 19h30, na Fnac Pinheiros. Os convidados deste ano são Luis Nassif, Pedro Doria, Maurício Eça e Sérgio Vaz, debatendo o tema: "Como se forma a opinião pública no Brasil, hoje?"
A entrada é gratuita, gente. Vamos lá!

domingo, 25 de maio de 2008

Existe muita gente na favela?

Texto: Tati Domiciano

“Mamãe, porque aquele menininho está sem sapatos e oferecendo chicletes?”, pergunta o menino. Junto com a mãe e a babá eles caminham bem atrás de mim. Percebi, com uma rápida olhada para trás, que eles tentavam me passar pelo outro lado da calçada. Neste momento, fiz um pequeno movimento para a esquerda – afinal, não poderia deixar eles me ultrapassarem sem ouvir o que a mãe ia dizer ao pequeno. E a resposta veio rápida. “Ele é um menino pobre. Por isso está sem sapatos e vende bala”, tenta finalizar a mãe.

Querendo mostrar toda a educação que lhe foi dada na escola particular o menino responde: “Se ele me oferecer o chiclete eu aceito”. A mãe, mais do que rapidamente, explica que ele não pode pegar o doce porque o menino o está vendendo. “Aliás, mamãe, como tem gente vendendo coisas nesta rua! Tem sempre gente pra comprar?”. Confesso que fiquei surpresa com a pergunta e também ficou a mãe, que, inutilmente, tenta acabar o assunto. “Sim, filho, as pessoas sempre estão dispostas a comprar alguma coisa”. A conversa estava interessante, então diminui o passo.

Como uma folha de papel, que faz cortes superficiais, mas doloridos o menino faz outra pergunta. “Então por que ninguém compra o chiclete que o menino tá vendendo?”. A mãe respira fundo, pelo som da voz parece que conta até dez, e outra vez tenta por um ponto final naquela conversa sem sentido (pelo menos para ela). “Não sei, mas deveriam comprar, pelo menos assim ele voltaria para a favela”. Agora, sem saber, a mãe entrou numa área confortável para crianças da idade do filho dela. É uma fase, inúmeras vezes explicadas por especialistas, em que as crianças querem saber tudo, descobrir o mundo. “O que é uma favela?”, ataca o pequeno sábio. “É onde os pobres moram e não é um lugar bom. Por isso você tem que dar valor ao que tem e comer toda a comida que a mamãe coloca no prato para você”. Esta foi a tentativa da mãe de entrar num assunto que ela domina, ou tenta dominar: fazer o filho comer toda a comida. “Mas eu como tudo mamãe”, e agora ele estava zangado.

Vinte segundos de silêncio. Outro golpe certeiro para a mãe. “Existe muita gente na favela?”. Surpreendente mais uma vez. Crianças estão sempre abertas para o conhecimento. Por que deixamos esta fase para trás? Para abrir um parênteses e citar Nietzsche e Schopenhauer, sentimos falta das maravilhas da infância porque esta é a única época despreocupada, sem lembranças do passado. Schopenhauer completa afirmando que nesta fase o cérebro já funciona plenamente e por isso é chamada de época da inocência e da felicidade.

Enquanto pega o filho no colo a mãe só sabe balançar a cabeça e responder repetidamente “sim, sim, sim, sim”. Não consegui mais fazer com que eles permanecessem atrás de mim. Só pude acompanhar o menino de perguntas inteligentes se perder no meio da multidão enquanto a mãe continuava a balançar a cabeça. Tudo foi resumido num simples “sim, muita gente mora na favela”. A mãe preferiu não perder tempo e explicar para o filho que vivemos um tempo de conceitos invertidos. O centro há muito foi tomado pela periferia e se tornou a periferia da periferia. Ela preferiu não explicar que grande parte dos moradores da favela vive com menos de 300 reais por mês. Preferiu ignorar o fato de que apenas 15% da população que vive hoje na periferia deseja deixar a favela. Ao vendar seus próprios olhos a mãe também tira do filho o direito de enxergar o mundo como é.

“É preciso ter o caos dentro de si para dar origem a uma estrela bailarina”, Nietzsche em Zaratrusta.

Parece utópico, mas ainda me soa como possível...

Marcus Desimoni / UOL
Texto Daniel Faria

Reflexões


O feriado ponte é de Corpus Christi, porém o assunto mais comentado do final de semana não são os tapetes da procissão de quinta-feira passada, e sim a 12ª Edição da Parada do Orgulho Gay, que acontece na Avenida Paulista, em São Paulo.

O evento que foi antecipado em um mês pretende entrar mais uma vez para o livro dos recordes, como a maior marcha em defesa dos direitos dos homossexuais, bissexuais e transexuais do mundo.

DIREITOS E RELIGIÃO - O objetivo dos participantes é lutar por um Estado Laico de Fato, mas acho complexo falar em estado Laico, num país moldado e construído dentro dos princípios católicos apostólicos romanos. Mas a coisa parece que está caminhando, para quem corre atrás de seus direitos. É claro. Até porque como diria um ex-professor: “A justiça não protege o dorminhoco.”

Você pode até dizer que o que vale é a lei dos homens, mas o ranço do pecado, da devassidão, da Sodoma e Gomorra ainda está enraizado na cultura do brasileiro, que segue os dogmas cristãos. Esse sebo histórico é responsável inclusive pela difusão do preconceito e da homofobia.

Durante a visita do Papa Bento XVI, em maio do ano passado, o presidente Lulla reafirmou a importância do Estado Laico. Enquanto isso, o Papa pregava a castidade antes do casamento, além de condenar o uso de métodos anticonceptivos. Na contramão, o Ministério da Saúde fazendo seu papel de estado, lançava mais uma campanha de controle da natalidade (sou totalmente a favor).

Porém, a mesma Igreja que condena está envolvida em casos de pedofilia e de abusos sexuais cometidos por clérigos contra freqüentadores das comunidades cristãs. Enquanto ela recrimina e segrega, outras religiões e seitas incluem. Com isso, perde mais um número considerável de fieis que buscam conforto, em que os vê como indivíduos e não apenas como uma ovelha desgarrada ou temporariamente perdida nas trevas da pederastia.

PARADA – Os comentários que ouvi a respeito da parada estão longe da militância sugerida pelas campanhas de divulgação. Uns relatam o número de pessoas que beijou, outros os “amassos” e as passadas de mão que levou. Poucas falas defendem de fato a causa. Entre elas, a tão sonhada união entre pessoas do mesmo sexo. Como dizem por aí, os que gostam de generalizações: “Ninguém quer casar.” Então o que querem?

POLÊMICAS – Roubos, furtos, brigas e consumo em excesso de bebidas alcoólicas e outros tipos de drogas e entorpecentes estão entre os principais pontos negativos da muvuca, que se forma no trajeto em que acontece a parada. Imagino que deve ser complicado controlar a famosa “elza”, ainda mais no meio de tantas ofertas de consumo 0800.

OPINIÃO – A drag queen Nany People declarou num programa de TV, que não aceita convites para participar da parada e ainda classificou o evento como uma micareta, em que homens vestidos de general saem de suas cidades de origem, para virar rainha e aprontar todas na capital paulista e depois voltam para suas residências como se nada tivesse acontecido. A vida continua...

TURISMO - O fato é que a Parada Gay se tornou um evento do calendário oficial da cidade de São Paulo, que de tão rentável, foi tirada do gueto e promovida a patrimônio cultural do estado. Além de servir como plataforma política, fonte de renda informal, carnaval fora de época, evento de família e afins.

UTÓPIA – Se dentro do mundo capitalista existe o rico e o pobre e a miséria como personagem coadjuvante do acúmulo de riquezas, como acreditar no Estado Laico? Como construir uma sociedade que respire liberdade, igualdade e fraternidade? Como encarar as diferenças de escolha com naturalidade?

Parece utópico, mas ainda me soa como possível...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Festival da Mantiqueira

Texto: Tati Domiciano

Não sei se todos estão sabendo (eu só descobri hoje) que no próximo fim de semana (30/31 de maio e 1 de junho) acontece o Festival da Mantiqueira.

O tema é "Diálogos com a Literatura" e será realizado em São Francisco Xavier, uma cidadezinha linda, pertinho de São José dos Campos.

Diálogos com Milton Hatoum, Marcelo Rubens Paiva, Mario Prata, Fernanda Takai, Nelson Motta e outros...

Shows com Fernanda Takai, Sinfônica de São José dos Campos e outros.

Toda a programação é gratuita. Mais infos no site cultura.sp.gov.br

Eu proponho um encontro entre os colaboradores do Menta Rosa, que tal?

Para quem for, não deixe de conhecer o Photozofia (www.photozofia.com.br) um café super bacana que fica pertinho da Praça, onde acontece o Festival.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sobre a cegueira, o incômodo e os transeuntes do Terminal Barra Funda

Semana passada, andando pelas lojas e lanchonetes do metrô Barra Funda, fui abordada por uma senhora de meia-idade. Num primeiro momento, não consegui dirfarçar minha irritação por estar com pressa e por imaginar que ela me pediria esmola.
Pois é, ela me pediu esmola. E por ter acabado de sair do hospital após um derrame, demorou uns minutos para explicar sua situação. Com os traços do rostos deformados e um olhar desesperado,me contou que não tinha como almoçar e tampouco voltar para sua cidade. Enquanto aquela senhora falava, eu não a olhava; observava, com os olhos curiosos da semi-turista que veio de Minas Gerais, a multidão que passa pelo Terminal Barra Funda todos os dias, dentro ou fora do horário de pico. Uma multidão apressada, desesperada para ir ou voltar. Uma multidão portadora de uma cegueira branca, como diria Saramago.
Livre dessa minha cegueira por alguns segundos, ofereci à mulher algum trocado e uma maçã e me lembrei do curta-metragem Ilha das Flores, do Jorge Furtado. A ficção, vestida de documentário, aborda de maneira ácida e ao mesmo tempo sutil todo o ciclo da produção de capital da vida moderna, usando de cenário um lixão localizado na periferia de Porto Alegre e de narração a interpretação irônica do ator Paulo José.
Em Ilha das Flores,onde convivem uma comunidade carente e uma criação suína, parte do que sobra da alimentação dos suínos vai para o lixão de Flores e é aproveitada por essa população. A ficção se transforma em realidade quando, por pressa ou pela tão prática e confortável cegueira, ignoramos aqueles que foram abandonados. Todos os dias os comedores de lixo de Ilha das Flores estão lá, nas ruas, nos transportes públicos, nas favelas.
Teóricos acadêmicos e políticos estudam e discutem há séculos como tirá-los de lá; jornalistas, com suas câmeras, fazem fotos p&b dos mendigos da Sé e colocam em seus espaços virtuais; cidadãos comuns dão suas moedinhas (para dormirem bem à noite).
O que há de diferente hoje - e que espero que seja uma tendência - é que eu e os jovens que conheço já cansamos de brincar de fotojornalismo social, de fazer textinhos bonitos para tirar 10 com a professora e de dar moedinhas para tentar ter um sono mais leve. Não acho que passaremos de revolucionários de sofá para ativistas convictos, mas é fato que o incômodo que sentimos só aumenta. E acho que o incômodo impulsiona, de certa forma.

Para quem ainda não viu Ilha das Flores:


Parte 1:



Parte 2:



E esse foi meu post de estréia por aqui. Aproveito para deixar meu 'oi' para meus colegas de blog e para o Diego, amigo de infância que me chamou pra vir pra cá. :)

Ham?


Texto Daniel Faria


REFLEXÕES


Na última quarta-feira estava fazendo minha caminhada como de costume. Em uma das voltas passei por três crianças que conversavam no playground. Enquanto balançavam o garoto mais velho [aproximadamente 7 anos] dizia para os outros dois [um menino de uns 6 anos e uma menina beirando os 5 ou 6].

- Eu não como (0) de menino, só de menina!

Simplesmente olhei pra eles e fiz aquela cara de Ham?

Continuei caminhando...

Na outra parte da pista uns garotos tiravam um racha no gramado e dois pirralhos [6 anos no máximo] assistiam de pé sobre um dos bancos a disputa pela posse da bola entre as duas equipes. Quando passava por um deles ele gritou:

- Oh! Seu fedaputaaaaaaaaa, cuzãoooo chuta essa bola caralhoooooooooooo!!!

Ham?


PS. Será que estou ficando velho, ou os pais estão perdendo a cada segundo a noção do que é educação? Não estou querendo ser careta até porque futebol e palavrões caminham juntos. Mas uma criança que berra um xingamento com o mesmo prazer que masca um chiclete reflete pura e simplesmente o ambiente em que é criada e transmite para as outras crianças a sua cultura, o que é pior.

Nesse caso nem há uma troca construtiva de informações e sim a manutenção de hábitos e a perpetuação de rótulos clássicos como o do machista e o da mulher submissa. Em resumo, uma cultura de pobreza que alimenta a violência contra as mulheres e as próprias crianças.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cinco álbuns essenciais de Bruce Springsteen

[Texto por Fernando Lalli. Adaptado e atualizado do já publicado originalmente no Cràse E-Zine]

O ano é 1995, tenho 13 anos, estou no centro de São Paulo e acabo de comprar meu primeiro walkman. Custou 20 reais, com o fone. Ganhei as pilhas de brinde. Ainda sobravam 10 reais dos R$30 que minha avó havia me dado de presente de aniversário. Passo em frente ao Mappin – sim, aquele grandão do centro que não existe mais – e vou direto à seção de fitas K7, CDs e vinis [sim, eles coexistiam]. Um ano antes, estourara nas rádios a famigerada “Streets Of Philadelphia”, mas eu não sabia o nome de quem cantava, nem o nome da música em si. Pois então surge na Globo o reclame do lançamento nacional da coletânea Greatest Hits de Bruce Springsteen. E toca “Streets of Philadelphia”. Ah, ok, esse é o cara. O mesmo cara de costas no poster que ornamenta uma das paredes naquela seção do Mappin. A fita custa exatamente dez mangos. Não tenho dúvidas em levá-la – ainda que sob o alerta da minha mãe, dizendo que não iria me dar mais nenhum dinheiro naquela tarde.

No ônibus, com a família, de volta à casa do meu padrinho que nos hospedava, coloco a fita no walkman e espero ouvir “Streets of Philadelphia”. Ao invés do baladão moldado para as adult radios, a primeira canção que vem aos meus ouvidos é “Born To Run”. Depois, “Thunder Road”, “Badlands”, “The River”, “Hungry Heart” e “Atlantic City”. Que seqüência! Até hoje, lembro exatamente como aquelas seis canções me atingiam. Eram PEDRADAS NA MINHA CARA. Não consegui esboçar nenhuma reação. Era a trilha sonora perfeita para aquele cenário de quase fim de tarde, no meio da capital. Nunca tinha ouvido nada parecido; músicas que soassem tão... tão... tão SÓLIDAS. Seis canções: o tempo exato para que chegássemos ao nosso ponto. Provavelmente eu já era uma pessoa diferente quando desci daquele ônibus. Mais criterioso com relação às merdas que ouvia, sem dúvida.

Viajei para Taubaté, naquela noite, com a fita no walkman, não dividindo com ninguém o que acabara de descobrir. Quando veio a vez de “Streets of Philadelphia”, a 14ª música, tive nada além de uma breve satisfação. Tinha perdido completamente a vontade de ouvi-la. O verdadeiro ouro já havia sido encontrado. Nunca tinha ouvido emoção ser traduzida em música sem os artifícios fáceis do molde radiofônico. Dane-se o que ele estava cantando: não precisa ser nenhum expert em inglês para saber do que são feitas as canções de Bruce. Ele traduz tudo com sua voz rouca e uma melodia tão característica e forte que definiu todos os padrões do dito “rock americano”. Sempre que me deparo com a fita, em meio a milhares de outras que ainda permanecem nas gavetas do meu quarto, lembro de cada detalhe daquele dia.

É mais ou menos isso o que Bruce Springsteen e sua maravilhosa E Street Band fazem com você: eles marcam a sua vida indelevelmente, se é que esse advérbio existe. Ou talvez eu só tenha visto o mesmo que Jon Landau em 1974. “I saw rock and roll future and its name is Bruce Springsteen”.

Eis cinco discos essenciais para, quem sabe, salvar a sua vida nalgum dia desses.


Born to Run
Lançamento: 25.08.1975
Nota: 10

Terceiro álbum de Bruce. Em uma palavra: arrebatador. Um disco que abre o lado A com “Thunder Road” e o lado B com “Born to Run” – duas das maiores canções de rock de todos os tempos – que, além disso, compunham o que muitas listas elegeram como o melhor compacto de todos os tempos. Com relação aos dois primeiros álbuns [Greetings From Astbury Park e The Wild, The Innocent & The E Street Shuffe, ambos de 1973], Bruce muda a formação de sua banda de apoio, recém-batizada como E Street Band: entra o fantástico Max Weinberg na bateria, elemento crucial na virada da carreira do Boss. Bruce soa mais vibrante do que nunca em melodias épicas, reforçadas pela produção inspirada no wall of sound de Phil Spector. As letras, se cometiam exageros românticos, contagiam pela sinceridade, pela urgência com que Bruce canta histórias de personagens comuns da classe operária americana – aquela mesma que sustenta o “sonho” dos yuppies. “Porque lixo como nós, baby, nasceu para correr”, brada a faixa-título. “Thunder Road”, e sua melodia que não pára de crescer um segundo durante todos os seus cinco minutos de duração, mereceu um capítulo especial em 31 Canções, livro de Nick Hornby. “Jungleland” é o épico que Bruce tentou fazer antes com “New York Serenade” – e agora acertava em cheio. As aventuras nas searas da black music renderam seu soul definitivo: “Tenth Avenue Freeze-Out”, onde brilha o carismático saxofonista Clarence Clemons. Born To Run fez Bruce ser capa, na mesma semana, das revistas Time e Newsweek. Um disco obrigatório em qualquer coleção de rock. Mas, como não tem a edição nacional, vale o mp3, fazer o quê...

Sucessos: “Born To Run”, “Thunder Road”, “Tenth Avenue Freeze-Out”, “Jungleland”.
Melhores faixas: Todas.
Pior faixa: Nenhuma.
Preferida: “Thunder Road”. Ou “Born To Run”, dependendo do lado que a moeda cair.



Darkness on the Edge of Town
Lançamento: 2.06.1978
Nota: 10

Quarto álbum de estúdio de Bruce. Não se engane pelo começo vibrante da primeira faixa do disco, “Badlands”. Bruce está PUTO. Pudera. Uma pendenga na justiça americana com seu ex-empresário lhe impôs um silêncio de três anos sem poder gravar absolutamente nada. Na maioria das músicas, não há uma linha sequer desprovida de rancor. Na própria “Badlands”, ele relata: “Fui pego num fogo cruzado que eu não entendo/ [...] Querida, eu quero o coração, eu quero a alma, eu quero o controle agora mesmo”. Versos que exemplificam, por eles mesmos, como o imbróglio judicial afetou sua vida. Apoiando a maioria dos arranjos no piano [até a paulada “Candy’s Room” é baseada no instrumento], Bruce faz de Darkness... o contraponto a Born To Run: há resignação no lugar da urgência, amargura ao invés da esperança. A faixa-título, que encerra o álbum, é um espetáculo: um começo melancólico que logo explode em raiva e deságua num refrão cinemascópico – tudo isso em poucos segundos. “Racing In The Street”, por sua vez, é considerada por muita gente como a melhor balada do repertório de Bruce. Ofuscado na discografia por seu predecessor, preterido em coletâneas e subestimado até mesmo por fãs, Darkness on the Edge of Town é o disco mais coeso, classudo e bem acabado de Bruce.

Sucessos: “Badlands”, “Prove It All Night”, “Darkness on the Edge of Town”, “Racing in the Street”.
Melhores faixas: Todas.
Pior faixa: Nenhuma.
Preferida: “Darkness on the Edge of Town”. Ou "Candy's Room". Ou "Streets Of Fire". Ou...



Nebraska
Lançamento: 20.09.1982
Nota: 9

Sexto disco de Bruce. O que fazer quando as versões demo das músicas soam melhor que as versões finais? Simples: lançar as próprias demos. Foi isso o que aconteceu nos estúdios da Columbia em 1982: Bruce aportou com uma fita em mãos, gravada no porão de sua casa, numa mesa de quatro canais, só com violão, voz e gaita, cuja crueza nunca conseguiu ser reproduzida a contento. Aqui, Bruce canta como um andarilho bêbado e maldito, à beira da estrada, tocando um violão velho para si mesmo. Algumas histórias fazem Johnny Cash parecer o Belle & Sebastian: “Eu a vi no gramado, passando batom nos lábios/ Saímos para passear, senhor, e dez pessoas inocentes morreram”, são os versos que abrem o disco, na faixa-título. Tem mais: um policial que persegue o próprio irmão criminoso [“Highway Patrolman”]; um homem que não consegue emprego e resolve fazer “um pequeno favor” para um estranho [a fantástica “Atlantic City”]; um condenado a 99 anos de prisão que durante seu julgamento suplica pela pena de morte [“Johnny 99”]. Quando não fala de crimes e outras desgraças, faz chorar como na história de um filho arrependido que volta à casa do pai e encontra apenas uma estranha morando nela [“My Father’s House”]. Nenhuma outra estética seria mais adequada a Nebraska do que a rusticidade, a escuridão das melodias enterradas em seu registro acústico lo-fi. Como ficou provado na versão “elétrica” de “Atlantic City”, que apareceu em registros ao vivo: ela não causa nenhum arrepio. O disco, esse sim, dá um puta frio na espinha.

Sucessos: “Nebraska”, “Atlantic City”, "Reason To Believe".
Melhores faixas: “Nebraska”, “Atlantic City”, “Highway Patrolman”, “My Father’s House”.
Pior faixa: “Open All Night”.
Preferida: “Atlantic City”.



The Rising
Lançamento: 30.07.2002
Nota: 8

12º álbum de estúdio e 18º lançamento oficial da carreira de Bruce. Havia sete anos que "The Boss" não lançava nada novo, exceto por duas faixas inéditas no disco ao vivo Live In New York City. Em 11 de setembro de 2001, no ataque ao World Trade Center, o bairro onde Springsteen nasceu e foi criado em Nova Jersey perdeu mais de 150 moradores. Se isso já não era motivo suficiente para fazer música, Bruce passou dias ligando para as famílias das vítimas do atentado. Com toda a moral de ídolo do americano comum e trabalhador, ele podia fazer isso sem ser chamado de oportunista. Então, reuniu novamente a E Street Band e em menos de um ano estava pronto The Rising, que devolveu Bruce para as rádios americanas depois de mais de uma década - num momento em que tudo o que elas precisavam era de músicas de esperança e redenção cantadas pelo mestre nesse estilo. Em "Into The Fire", uma referência óbvia aos bombeiros que trabalharam no resgate das vítimas, Bruce canta: "eu ouvi você me chamando, mas então você desapareceu na poeira [...]/ que sua força nos dê força/ que sua fé nos dê fé/ que sua esperança nos dê esperança/ que seu amor nos dê amor". Um disco cujo único defeito é justamente a produção séria demais: mal se ouve o sax de Clarence Clemons, marca registrada dos arranjos da E Street Band. Porém, sem esse toque, digamos, "sombrio", que permeia o álbum, a faixa-título ["A Ascensão"], no final do disco, nunca viria com tanta força, capaz de arrebatar yuppies e afegãos, que fala justamente sobre... Bem, leia você mesmo. Só o Van Morrison fez algo parecido.

Sucessos: “The Rising", "Waiting On a Sunny Day", "Lonesome Day".
Melhores faixas: “The Rising", "My City Of Ruins", "Lonesome Day", "Counting On a Miracle".
Pior faixa: "Empty Sky".
Preferida: “The Rising".



Magic
Lançamento: 2.10.2007
Nota: 9

15º álbum de estúdio de Bruce. Talvez eu nem devesse indicar esse disco aqui, já que nele há milhares de referências aos discos mais famosos de Bruce lançados nos anos oitenta [Born In The USA, The River], o que deixa a bolacha mais saborosa aos iniciados. Tudo o que faltou em personalidade "springstiana" a The Rising está aqui com juros corrigidos - e, de bonus, cheiro de anos 70 por todas as partes. "Girls In Their Summer Clothes" e "Long Walk Home" são músicas que se equiparam fácil aos grandes hits da época de ouro de Bruce. O vibrante solo do figuraça Clarence no meio do single "Radio Nowhere" não deixa dúvidas: aos 57 anos, a E Street Band e seu comandante estão tinindo. Precisam estar, afinal, pois se a missão em 2002 era levantar o moral dos americanos, agora a motivação é retratar toda a frustração com o [des]governo George W. Bush, municiados de ironia pesadíssima. Versos aleatórios: "você não consegue dormir à noite [...]/ seu maior inimigo pessoal está vindo apara a cidade". Mais: "foi como quando nos beijamos/ o sabor de sangue em sua língua [...]/ acordei no dia da eleição/ céu de pólvora e matizes de cinza". Mais? "We rode into the foothills, Bobby brought the gasoline" [got it?]. Mais ainda: o título do disco foi tirado da idéia que "vivemos em uma época em que qualquer verdade pode ser transformada em aparente mentira, e em que qualquer mentira pode ser transformada em aparente verdade", segundo o próprio Springsteen. Magic é uma aula de como se fazer um disco politizado sem apelar para versos fáceis de revoltinha adolescente nem usar camisa do Che Guevara.

Sucessos: “Radio Nowhere", "Long Walk Home", "Girls in Their Summer Clothes".
Melhores faixas: "Your Own Worst Enemy", "Girls in Their Summer Clothes", "Long Walk Home", "Last To Die".
Pior faixa: Nenhuma.
Preferida: "Your Own Worst Enemy".

[Quem manja um pouco mais de inglês pode saber mais sobre Bruce Springsteen na Wikipedia.]