segunda-feira, 30 de junho de 2008

Dead souls

[Por Fernando Lalli. Originalmente postado em meu journal.]

Desde criança sou fascinado por Shopping Centers, mas hoje eu odeio, muito especificamente, o Shopping Center da minha cidade. Não odiava há pouco tempo, mas quanto mais aquilo abriga lojas de grife e seus preços de três dígitos em pedaços de materiais sortidos transformados sob confecção de quinta categoria, mais atrai o rascunho tosco de classe média que floresce no Vale do Dinheiro Paraíba. Essa gente que vê no engarrafamento das ruas o progresso da cidade, ao invés de um problema crônico de falta de espaço e planejamento. Essa gente que almeja a compra de um Hyundai Tucson. Ou de um Audi. Ou alguma dessas merdas, que seja. Essa gente que lota o estacionamento do Shopping Center e pára o carro em cima de calçadas e gramados. Não dá mais para andar pelos corredores daquele lugar e não ser metralhado por olhares a procura de te reconhecer como um de seus pares. Tento correr. Berra, animal aflito. É a minha vontade. Quanto mais eu ando por entre aquela gente ansiosa por glamour urbano, mais queima em meu peito um violento rompante de Síndrome de Tourette - domado sabe-se lá como, ao preço da rigidez de minhas cordas vocais.

Eu quero comprar uma bermuda, mas as lojas em Julho só vendem calças. Quero comprar um tênis de corrida, mas entrar naquelas lojas coloridas e muito iluminadas com atendentes solícitos-e-jovens-e-cheios-de-vida não me atrai nem um pouco. Eu e minha corporeamente marcada inabilidade de convívio com hábitos saudáveis de exercício com certeza não passariam incólumes ao crivo daquela gente malhada, linda e cheia de vida.

- Está procurando um tênis para se exercitar?

Sempre quando entro numa grande loja de calçados eu me lembro por que nunca compro nelas. Eu gosto é das lojas pequenas nas quais o máximo que o vendedor diz é perguntar se eu também não aceitaria levar alguns pares de meias junto. Nas lojas pequenas do centro eu podia levar um tênis rosa da Hello Kitty número 43 e eles simplesmente passariam meu cartão e me deixariam ir em paz. EM PAZ! PORRA, TAUBATÉ, ME DEIXA EM PAZ. Eu só quero seguir meu caminho medíocre - medíocre aos olhos de vocês, que fique bem claro. Quero comprar algumas vestimentas para começar a fazer academia - do outro lado da cidade, onde ninguém pode me ver. Gostaria muito de ter o benefício de ser solenemente ignorado por vocês, se me permitem.

Depois da terceira loja, encontro um ex-colega de trabalho. Numa cidade de 250 mil habitantes, cuja única diversão noturna é freqüentar aquele maldito Shoppping, até que demorei pra encontrar alguém familiar. Foi impossível evitar o contato.

- E aí, Fernandão?
- Tudo certo? Indo jogar uma bola? - uma pergunta retórica bastante estúpida; ele trajava chuteiras e meiões até a canela. Não que eu não goste do cara, mas definitivamente não estava afim de papo. Procurei não ser mal-educado, embora o meu mal-jeito quando estou mau humorado seja espalhafatoso. Ele se despediu e foi jogar bola. Então dei não mais do que vinte passos e aconteceu de novo.

- Bôi!

Um camarada da época do 2º grau. Omita-se a identidade. Promessa de papo longo. Fazer tantos amigos na adolescência para crescer e descobrir que, na maioria dos dias, você odeia pessoas. Ganhei na loteria.

- Bôi, tudo bem, cara?
- Tudo certo. E contigo? Fazendo o quê da vida?
- Continuo na fábrica, lá, na correria - 90% das pessoas em Taubaté trabalham em uma fábrica ou em alguma empresa que presta serviços a uma. E 100% delas estão na correria. - E você tá trampando onde?
- Numa produtora de vídeo. Me formei para escrever, mas acabei trampando com edição de vídeo. É o que me rende uns trocados, hoje.
- Mas você não vai lá pra frente da câmera e faz uns comentários?
- Não, nunca. Meu negócio é fazer as engrenagens funcionarem nos bastidores.
- Quer saber? Eu sempre imaginei você como comentarista. Você é um bom comentarista. Tipo, você é um cara que tem uma opinião diferente do resto, não vai com a maioria.
- Fico feliz em saber que essa é a imagem que ficou de mim.
- Quando eu vejo aquele José Nêumane Pinto no SBT, eu lembro de você na hora. Ele descendo o sarrafo em todo mundo, é a tua cara.

"José Nêumane Pinto descendo o sarrafo em todo mundo" é a visão análoga da minha persona de anos atrás. Meus traumas surgem como formigas no chão.

- É mesmo? Eu pareço o José Nêumane?
- Haha, não fisicamente!

Ufa.

- Você parece com o José Nêumane porque é cheio de opinião. Ouve o que todo mundo diz, mas depois vai lá e dá a sua opinião. E geralmente discorda.

Ele me deseja sucesso, me cumprimenta e vai embora. Ele me lembra o quanto a educação mecânica que nos dão é capaz de destruir uma pessoa; essa obrigatoriedade de todos nós virarmos adultos tão cedo. Aos 21, temos que ter uma faculdade e um emprego, não importa se nossos ossos do crânio ainda nem estejam devidamente colados. Esse rapaz era muito mais cheio de vida e alegria. Hoje tem um emprego mediano, deve ter concluído a faculdade que tinha planejado fazer para assumir o negócio do pai, e vive essa vida de, QUE PUTA MERDA, passear no shopping às segundas, porque não há mais nada a fazer. E que torce por quem ainda tem veias pulsantes paar que faça algo de útil de suas vidas. Nós, os "Josés Nêumanes", no caso, que batem a cabeça contra o muro diversas vezes ao dia pela simples incapacidade da prática do auto-engano.

As pessoas não ficam mais fortes e iludidas quando se adéquam ao sistema. Pelo contrário, é perdendo a luta contra o medo que elas viram esses fantasmas de gente que eu conheci tão promissora, tão vívida, e hoje tão comum, perdida, diluída entre a população comum, besta e insignificante. Esse meu amigo é o retrato de uma cidade que, em troca do progresso econômico, enfiou sua alma no cu, com muita areia, asfalto e concreto.


"Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor"

- Taiguara

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fimose cerebral


Texto Daniel Faria

VARIEDADEs

Nossa! Fui acometido de uma fimose cerebral que me impediu de pensar nos últimos dias. Foi como uma anestesia geral, que fez adormecer o corpo e a mente. Meu cérebro apenas captou algumas mensagens televisivas e impressas.

Do que eu vi ou li algumas coisas me deixaram feliz, outras nem tanto. A leitura inicial das sinopses da Mangueira e da Beija-Flor foram coisas que me deixaram empolgado. A primeira vai contar a formação do povo brasileiro, mas sem as afetações clássicas. A inspiração da escola vem dos estudos de Darcy Ribeiro. A Beija vai mergulhar na história do banho e pra terminar como é de praxe o banho de axé. Saravá!

Finalmente a história da GM de São José dos Campos teve um desfecho favorável aos trabalhadores. Depois de tanto apanhar da opinião pública, o Sindicato dos Metalúrgicos pode, enfim, comemorar e impedir que o banco de horas tão aplicado no comércio se torne uma realidade dentro das fábricas. Enfim, os 600 postos de trabalho temporário serão abertos, mas sem que os direitos conquistados e garantidos pelas lutas sindicais sejam atropelados pelo aumento da produção e a necessidade incessante de visar apenas os lucros.

O valor da antecipação da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) da GM também foi uma notícia que me deixou feliz. R$3.500 dinheiros! Quem não quer? Sem a necessidade de descontar 10%, dá até pra fazer uma extravagância. Risos.

Gostei de ver e ouvir o jornalista Fernando Morais relatar sua experiência de escrever sobre o escritor, mago, músico e estranho Paulo Coelho. Nunca li um livro dele, mas biografias são interessantes por si só. Ainda mais de um cara tão cheio de altos e baixos.

Entristeceu-me saber que encenar o caso Nardoni está virando moda. A versão joseense não foi “bem sucedida.” Sorte do garotinho. Agora alegar insanidade mental mais uma vez é a saída. Vivemos num país de loucos. Fechem as cadeias e abram mais manicômios.

Buaaaá! Não consegui ver nada do SPFW. Estou arrassado...(Risos). Em compensação ri muito com as dicas da Leandra Borges (Ingrid Guimarães) ela sozinha é muito mais engraçada. Observando a propaganda do shampoo que tem a Gisele como garota propaganda, fica claro de onde ela tirou aquele sotaque...

Ano passado ter uma caderneta de poupança era algo mais importante do que ter um carro, mas com a volta do dragão, nem se fala mais dela. A compra da casa própria por meio de financiamentos da Caixa Econômica também foi rapidamente abafada. Muitas propagandas sumiram rapidamente da TV. O mercado reage muito rápido aos descompassos da economia brasileira e mundial. Isso é uma notícia que me deixou espantado.

Para fechar em alta! Receber uma resposta positiva é sempre uma boa notícia. Temos essa necessidade de equilíbrio de alimentar nossas esperanças. Deve ser por isso, que foi criado o happy hour. Para extrair de um dia aborrecido alguns momentos de luz.

Ah! Não se esqueça! Agora bebeu! Fudeu!!!

domingo, 22 de junho de 2008

Omedetô Japão, Arigatô Brasil!


Já que estamos em plena comemoração pelos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil com inúmeros eventos acontecendo em todo o país, resolvi estrear minha participação nesse blog. Afinal eu sou a única representante nipônica (Sim! Não sou índia, nem cingalesa) desse grupo todo.
Não fui ver em lugar algum, o que é realmente uma lástima, as homenagens aos japoneses que vieram ao Brasil no Kasato Maru. As que eram gratuitas não conseguir ir e para a cerimônia fechada fiquei sem meus convites, que eram dois. Os quais foram muito bem utilizados por meus pais, que se encontram nesse exato momento no Sambódromo de SP, no evento que encerra as comemorações.

Nunca fui boa em matemática tampouco vivo uma vida regrada. Não que eu seja burra ou porra louca, mas quando se pensa em japoneses, isso é quase um clichê. Todo mundo provavelmente já estudou com um “japa”, nerd, tímido, ou que não era exatamente o típico garanhão. Mas a verdade é que eles estão aí, se classificando nas Fuvests, nas Olimpíadas de Matemática da vida, ou qualquer coisa que envolva um alto grau de inteligência
. É claro que existem exceções, mas as pesquisas não mentem. E eu que nunca me encaixei em pesquisa alguma já me perguntei muitas vezes, se eu realmente sou uma sansei.
Sou neta de japoneses, pelo lado de meu pai, a família Yoshida (que é quase como Silva, Pereira no Brasil, de tão comum). Não sei muito sobre a história de meus avós. Eles faleceram já há algum tempo e hoje lamento por não tê-los perto para lhes perguntar tantas coisas que gostaria de saber. Tudo que sei é o que os meus tios, meu pai contam e as lembranças que tenho da minha infância. Segundo meu pai, eles vieram um tempo depois do navio ter aportado em Santos. Tanto meu “ditian” (vô) como minha “batian” (vó), falavam português embora em algumas conversas misturassem um pouco com o japonês. Lembro-me de ir a casa deles e ficar olhando para as fotos de várias gerações na parede da sala. A única que tinha conhecimento era de meu bisavô, vestindo um traje característico dos monges japoneses. O que depois fiquei sabendo: Ele era realmente monge e foi o responsável pela construção de um templo budista existente em Suzano/SP.
Nossa família japonesa é bem tradicional. Muito da cultura foi preservado até hoje. Temos as cerimônias de aniversário de morte onde depois é servido um almoço, que mais parece um banquete de sushis, sukiyakis, gohans; os envelopes com dinheiro, as palestras sobre budismo ensinadas em japonês com tradução para o português (desejo da minha batian, que queria a família em contato com a religião), o “hotokesan” (altar japonês) onde acendemos "senkôs"(incensos), o "ôfuro" (banheira com água acima de 36º) que todos da família tem em casa...
Tanta coisa... Isso sem contar tudo que passei a ver melhor sobre o meu povo (pelo menos, parte dele) quando fiz o caminho inverso. Mas isso deixo para próxima...
Agora tudo que sei é que depois de todas essas comemorações, estou decidida a investigar melhor sobre minhas origens. E espero ter humildemente contribuído para homenagear aqueles que há 100 anos atrás chegaram aqui para dividir com o Brasil, esse país tão acolhedor, um pouco de nossa cultura.

Como disse meu pai, em toda sua sabedoria oriental: “Você não estaria aqui se não fosse por isso”.

Cabe uma propaganda básica?
Minha mãe (a parte brasileira da família) organizou uma exposição e uma série de atividades na ilustríssima cidade simpatia em homenagem, não ao meu pai, mas sim ao centenário.

Se der cola lá:

Dia 26 de junho a partir das 9h

Caçapava/Sp

Praça da Bandeira S/N

sábado, 14 de junho de 2008

O Cheiro

Ele não gostava muito de transportes alternativos. A pressa, porém, fez com que ele tomasse a primeira van no sentido de sua casa. Eram só ele e o motorista, mas não quis sentar-se na frente. Sabia que o motorista ia puxar papo e ele não era, definitivamente, do tipo sociável.
Um ponto a frente foi deposto do seu reinado solitário no banco dos passageiros. Cinco pessoas adentraram para acompanhá-lo na viagem. Acomodaram-se todos nos primeiros bancos, apertando-o, já que ninguém se prestou a ir aos bancos do fundo. Ele teria ido se soubesse. Agora era tarde demais.
Irritado, procurou pensar em outras coisas e ignorar as pessoas a sua volta. Contudo, um cheiro estranho foi se apossando aos poucos de suas narinas. Um odor desagradável que ele não conseguia identificar nem comparar com nenhum outro odor.
Olhou bem a moça ao seu lado. Parecia ter uns 28 anos, cabelo com pedaços loiros e castanhos, típico das mulheres que tingem o cabelo e deixa que as raízes vão crescendo na cor natural, esquecendo de renovar a tintura. Não parecia vir dela o cheiro. Ao lado da moça de cabelo bicolor, um garoto que não devia ter mais do que 16 anos e provavelmente era office boy, cheio de papéis na mão, mp3, fones no ouvido e o gorro da blusa na cabeça. Sim, poderia vir dali o cheiro.
De frente, bem a sua frente, uma morena linda. Olhava perdidamente pela janela. Ele queria que ela olhasse para ele. Mas era como se ele não existisse. Dela, só poderia vir algum cheiro bom, não se odor que já irritava as narinas.
Uma senhora, bem velhinha, com roupas de frio, apesar de um clima abafado, estava sentada entre a morena e um rapaz de terno que aparentava meia-idade. Dentre todos os passageiros, apostou na velhinha. Só poderia vir dela esse odor.
Estranhou o fato de todos parecerem tão compenetrados em seus pensamentos e nenhum dos passageiros aparentar estar se incomodando com o cheiro. Ele fazia esforço para não ter que tapar o nariz com a blusa. O cheiro já lhe dava náuseas.
O homem de terno e a moça do cabelo bicolor desceram da van. Já tinham sido praticamente descartados como candidatos a donos do odor. E, como ele já previa, o cheiro continuou. A velhinha desceu no ponto seguinte. Pronto, agora esse cheiro ia embora com ela. No entanto, o seu nariz continuou a não suportar o que lhe chegava às narinas.
O boy era sua segunda opção. Esboçou uma cara feia na direção do garoto, mas a música nos ouvidos não o deixava prestar atenção em nada que os outros sentidos percebiam. Talvez por isso não percebesse o próprio cheiro.
O boy foi o próximo a descer. E, para seu terror, o cheiro continuou. A morena linda! Como as aparências enganam. Ficou triste de verdade. Poxa, porque ela cheirava assim? E o que era aquele cheiro que era tão horroroso, contudo não era exatamente fétido nem putrefato, nem azedo nem enfumaçado?
Há momentos atrás ele até aceitaria casar com ela. Tentou se distrair do cheiro buscando um olhar dela na sua direção. Tanto esforço e ela cheirava tão esquisito.
A morena linda desceu sem chegar a olhar na sua direção. Porém, não levou consigo aquele cheiro. Coisa estranha. Se não era ela quem cheirava assim e não poderia ser a van ou motorista já que quando entrou não sentiu o cheiro, quem é que estava exalando algo tão ofensivo às narinas?
Foi então que caiu em si e, deixando-se de perder entre julgamentos e reflexões, concentrou-se apenas em tapar o nariz com a blusa e esquivar-se de seu próprio cheiro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem guardará os guardiões?

por diego sieg





Neste instante, isso mesmo, exatamente neste segundo, provavelmente algumas dezenas de milhares de pessoas no mundo efetuam uma transação financeira através de seus cartões de crédito e débito. Junto a isso, o mercado de ações -- concentrado em diversas bolsas de valores mundiais --, o fluxo de capital on-line (e-commerce) e as transações bancárias cotidianas, como um depósito, um saque ou uma transferência de valores são outros exemplos simples de estruturas econômicas complexas projetadas e administradas às luzes da tecnologia, sobretudo da cibertecnologia. Portanto, idéias de sociedade em rede e aldeia global, pensadas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells e pelo filósofo canadense Marshall McLuhan respectivamente, tornam-se mais do que evidentes em nossos dias. Afinal, há aproximadamente 25 anos, construímos de maneira pseudo-voluntária uma realidade globalizada em questões sociais, econômicas e culturais. Transformando-nos em uma “pequena ilha gigante”, habitada por diferentes espécies animais, naturais e bytes, dentro de uma imensa e complexa galáxia – A Galáxia da Internet.

Vamos ao que nos interessa. Durante o ano de 2006, quando realizava o meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, veio-me à cabeça uma questão preocupante e ao mesmo tempo instigadora: A Internet consolidaria o sistema capitalista ou o mandaria para o ralo? Bom, longe de profecias, mas carregado da influência dos livros e artigos que lia na época, perdi horas de sono refletindo sobre isso e, agora, gostaria que vocês também perdessem algumas. (risos)

Como todos sabem, a Internet nasceu de um projeto do governo norte-americano durante a Guerra Fria. Porém, mesmo tendo sua origem em um sistema fechado, a rede nunca possuiu uma estrutura semelhante. Muito pelo contrário, o espírito anarquista habita o ciberespaço desde o seu nascimento. Este fato deve-se às características da complexa estrutura que forma a Internet e ao padrão comunicacional inovador emergido dela – o sistema todos para todos. Na década de 1990, a Internet ganhou as graças da população física e comercial e a partir de então tornou-se o fenômeno que conhecemos hoje. Afinal, quem de nós atualmente consegue viver sem estar pelo menos por poucos minutos on-line na rede?

Bom, voltando a questão central deste post... Não sei se todos sabem, mas por trás de todo este avanço tecnológico existem algumas personagens principais, que aqui no Brasil foram classificadas como Ciber-Rebeldes pelo pesquisador André Lemos. Sim, quem fez e faz a Internet e os microcomputadores evoluírem a cada segundo são os famosos e temidos hackers, crackers, phreakers, cypherpunks e companhia. Vale complementar que não devemos generalizá-los, pois cada um deles possui características distintas tanto nas ações como em suas ideologia de vida, ok? (Ah, quem tiver interesse em conhece-los mais a fundo é só deixar um comentário no post, que enviarei por e-mail a minha pesquisa monográfica sobre o assunto, ok?).

Após pesquisar muito sobre o tema e discutir com minha amiga Tatiane Domiciano sobre a frase do livro Fortaleza Digital, de Dan Brown, “Quem guardará os guardiões?”, cheguei a uma conclusão um tanto quanto assustadora. (musiquinha de suspense!rsrsrs)... Atualmente, praticamente todas as grandes empresas, principalmente aquelas voltadas ao sistema de capitais, mantêm em suas estruturas um verdadeiro exército com as melhores cabeças do mundo nessa área. Esses heróis guardiões recebem muitas vezes salários exorbitantes e são quase que deuses dentro do templo capitalista. Porém, agora fica no ar aquela dúvida cruel: Até quando estes homens estarão felizes com tanto dinheiro? Eles nunca irão se rebelar contra o sistema? Seja por ideologia, loucura ou coisa que o valha. Afinal, estes poucos homens possuem a faca e o queijo na mão para arruinar o tão promissor capitalismo on-line ou digital. Pense bem, eles possuem conhecimento suficiente para poder apagar todos os dados do mercado financeiro em poucos segundos. Imagine só o desastre que seria para uma empresa de cartões de crédito ou para um banco perder um dia inteiro de movimentações financeiras. Seria um verdadeiro colapso e o sistema entraria nunca crise sem precedentes. Não acha?

Bom, particularmente, eu ainda acredito em uma frase que ouvi há muitos anos: “A verdadeira revolução não será transmitida pela TV”. (mais risos, agora com aquele ar totalmente sarcástico). Sim, tudo leva a crer que os revolucionários do século XXI serão estes sujeitos treinados e bem pagos pelo próprio sistema capitalista e que a futura revolução será totalmente invisível. Portanto, prepare-se pois dentro de alguns anos, ao acordar pela manhã o seu mundo será outro.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O PODER DO DINHEIRO NA NATUREZA!!!

" O apresentador Luciano Huck e o empresário Ed Sá Sampaio, Galdêncio está erguendo oito bangalôs de luxo para receber famosos e endinheirados em Fernando de Noronha."

Como vocês devem saber, Fernando de Noronha, em Pernambuco é uma área de preservação. E até para fazer turismo na região o controle é rígido e há uma série de regras de conduta a seguir, sem contar os períodos de visita.
Mas como o "narigudo esclarecido" trabalha em um canal poderoso, ele está isento de qualquer condenação por parte da imprensa e a área será apropriada pela classe alta, e o povo local,(a maioria que não for contratada para trabalhar nas pousadas), passarão fome e terá sua subsistência esgotada. Ou alguém acha que será tomada alguma providência contra essa atitude. E depois o cara vem reclamar de roubo de rolex!!! Vá pedir decência na C.D.C. Viva o Caos!!!

link do ocorrido: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=153&breadcrumb=1&Artigo_ID=2236&IDCategoria=2289&reftype=1

o que estou ouvindo? Midnight Oil - Gravelrash

Sobre como o mp3 vai nivelar o universo musical - por baixo

[Texto por Fernando Lalli. Publicado originalmente no Cràse E-Zine]

Não que eu seja contra o download de mp3. Longe disso: sou um defensor ferrenho da distribuição ilegal de música - entre vários motivos, como forma de confronto ao preço extorsivo dos CDs nacionais. Ladrão que rouba ladrão... Vocês sabem. Mas há algo de muito grave no abandono do formato físico da música. E não estou falando do vilipendiado conjunto capa-e-encarte. Reduzir a música APENAS a uma forma de registro eletrônico cientificamente limitado é o perigo real que nossos ouvidos correm neste século.

Há alguns meses, herdei do meu pai o aparelho de som que ficava na sala de estar da minha casa. Um combo Gradiente ano 1991, grandão, um dos primeiros a contar com CD player, com caixas de surround independentes. Uma maravilha quando novo; hoje ainda dando um belo caldo depois de impiedosamente surrado em 16 anos de uso ininterrupto. Trouxe o trambolho pro meu quarto e liguei direto na saída de áudio do computador. Botei o winamp pra trabalhar e percebi o desperdício que é contar com um aparelho de som de qualidade para tocar mp3.

Uma das coisas que mais me irrita nessa polêmica CD versus mp3 é a completa SURDEZ dos defensores do formato eletrônico de distribuição de música. Nem vou me ater ao rito semi-religioso que é comprar uma obra artística e tê-la para si. Vamos ao fato concreto, puro e simples: o mp3 possui seu grau de qualidade baseado em taxa de compressão [128kbps, 256 kbps, etc]. Se ele comprime, ele reduz: causa perda de definição, certo? Não é uma mera tradução literal do que estava na fonte, é uma conversão. Joga fora boa parte da ambiência do som gravado ao eliminar freqüências que, mesmo inaudíveis ao ser humano, são importantes acusticamente falando.

Obviamente, se você escutar - exemplo contemporâneo aleatório - o primeiro disco do Strokes, a diferença entre um mp3 em 320kbps e o CD original é imperceptível, se a mensurarmos num aparelho de som com falantes meia-boca ou em caixinhas de som normais de PC. Isso envolve diversos fatores: principalmente a própria gravação original, abafada, pobre em freqüências agudas e graves [nenhum demérito da banda, no caso, já que essa é a pegada deles]. A coisa se complica quando a comparação envolve uma gravação rica em detalhes, como a de A Ghost Is Born, penúltimo e belíssimo disco do Wilco. A gravação, cheia de timbres intrincados e muito bem cuidados, sofre perda irreparável na conversão, mesmo quando se usa a taxa de compressão mínima. O dano à ambiência do som é claramente perceptível mesmo com fones de ouvido de qualidade mediana - que costumam eliminar por si próprios boa parte do "calor" do registro. Se você quiser ir mais longe [ou ainda não conseguiu perceber a diferença], faça o teste com o Vespertine, da Bjork. Ouça com atenção e desafio a não perceber a diferença.

Disparidades exemplificadas, a questão está no quanto isso te irrita. Pode correr a internet aí [como fiz] para perceber que todos os textos que defendem o formato mp3 tascam logo de cara a expressão "perdas de som imperceptíveis". Oras, minha audição nunca foi um prodígio e mesmo assim tenho ouvidos apurados o suficiente para se incomodar com agudos "metalizados" e graves "quadrados". Você também? Que bom. Estaríamos nós sozinhos contra um exército de neófitos latrinoriculares? Seriam estas as mesmas pessoas que não sabem distinguir marcas de cerveja pelo sabor sem olhar o rótulo?

Talvez essa rebeldia seja uma espécie de perda de referência que sofre quem nunca se educou a ouvir música registrada de modo analógico - leia-se vinil. Teoria nada furada se levarmos em conta que as fitas cassete [o mp3 dos anos 80 e 90] nunca tomaram o lugar do vinil [e do CD, posteriormente] justamente por não ter qualidade de som safisfatória. No caso, saturava e abafava o som das músicas - e tinha o cabeçote do player, que fodia toda hora, tinha que limpar, etc. Nêgo se virava com as fitinhas, mas não dispensava a compra do álbum, quando podia arcar com isso.

Não vou dar uma de purista [embora o seja, reconheço] e dizer que o álbum é um formato insubstituível - muito embora eu lamente esse fato porque nunca aprendi a ouvir música a granel. Música, para mim, é algo maior, é obra artística; e nisso está envolvido o conceito da capa, a estética do som, as letras. Se agora a indústria cultural fala para uma geração que mal se importa com quem foi o produtor do disco [Steve Albini, Nigel Godrich, quem?], então eu e mais tantos saudosistas vamos sofrer com o lado ruim dessa democracia. Sintoma da dessentimentalização da arte pop.

E da surdez coletiva.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

SKINHEADS...PUUUFFFFF!!!

ESSA SEMANA VOCÊS ESTÃO ACOMPANHANDO O CASO DE UMA TRUPE DE BABACAS QUE ESPANCARAM UM POLICIAL NA RUA AUGUSTA NA CAPITAL DE SÃO PAULO. O FATO, É QUE ESSES IMBECIS ATACAM PESSOAS PACÍFICAS E SEM CONDIÇÕES DE SE DEFENDEREM. ENTÃO, EU TENHO UMA SUGESTÃO PARA ESSE TIPO DE COMPORTAMENTO, PORQUE VOCÊS SKINHEADS, NÃO INVADEM O CAPÃO REDONDO E FAÇA COMO O PERSONAGEM DO BRUCE WILLIS NO TERCEIRO FILME DA SÉRIE DURO DE MATAR? COLOQUE UMA PLACA NO PEITO, DAQUELAS TIPO "COMPROU OURO", E ESCREVA EU ODEIO NEGROS E FIQUE EM QUALQUER ESQUINA DE LÁ (DO CAPÃO) PARA UM FATAL CONFRONTO, PRA VOCÊ É CLARO!!! AGORA SE NÃO QUISER, PENSE QUE NAS CADEIAS BRASILEIRAS, POR QUESTÕES SOCIAIS, OS NEGROS SÃO MAIORIA E VOCÊS PERDERÃO,(AGORA VOU SER CHULO)...A PORTA DO RABO COM CACETES PRETOS TAL QUAL OS PERSONAGENS DAS PIADAS DO COSTINHA!!!
AQUI ALGUNS FATOS DESSES CÂNCERES DA SOCIEDADE... http://busca.uol.com.br/www/index.html?q=skinheads+s%E3o+paulo&ad=on

E O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? VAI MORAR NA ALEMANHA...AH, O PAPAI NÃO PODE TE MANDAR, ENTÃO SENTA E CHORA!!!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Patroas Pilantras!!!

Esta é a minha primeira contribuição para este blog, que tenho muita honra em fazer parte. Hoje presenciei uma discussão de três mulheres nordestinas, elas estavam discutindo sobre o salário pago a uma delas.
A patroa de uma das mais velhas; todas empregadas domésticas, pagou a uma delas a quantia de 410 reais. Sendo que o que deveria ser pago era 450 reais, então, a mais "esperta" das moças falou pra empregada lesada: "porque você não vai ao sindicato e pega a folha onde explica isso e leva pra sua patroa?". Aí a mulher que recebeu apenas 410 reais disse que não sabia onde é o sindicato e nem como entrar em contato com os mesmos. Nem me interessa saber o que essa patroa faz com essa sobra de 40 reais, mas se puderem passem o endereço do sindicato e oriente a doméstica mais perto de você pra que isso não volte a se repetir...taí o endereço: http://www.domesticalegal.com.br/sindicatos.asp

O QUE ESTOU OUVINDO? SEX PISTOLS - NEVERMIND THE BOLLOCKS
http://www.badongo.com/pt/cfile/2316652 BAIXE E OUÇA!!!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Economize...


Texto Daniel Faria

Reflexões

É impressão minha! Ou nunca na história deste país se fez tanta publicidade e investimento nas vendas para o Dia dos Namorados. Perfumes, lingeries, chocolates, sexo não convencional, tudo para seduzir o consumidor e fazer com que os comerciantes faturem mais e por conseqüência aqueçam a economia brasileira.

As datas festivas puramente comerciais se tornaram o grande mote do comércio. Mal acaba uma data e vem outra, depois outra e mais outra. Quando vivíamos a geração da incerteza na economia comprar era um luxo. Hoje, comprar é existir. Compro, logo existo. Se você não compra está fora do universo do consumismo existencialista.

A tentação é tanta que o peso na consciência surge de várias formas. Há propagandas inclusive que usam e abusam da estratégia de causar sensação de remorso em suas intervenções mentais.

Porém, a propaganda não é vilã, nem um monstro que empurra todos em direção ao precipício dos centros comerciais. O problema talvez esteja no consumidor brasileiro, que ainda é muito novo e inexperiente na leitura dos códigos. Até porque dizer NÃO! É uma arte para poucos.

Talvez os primeiros sinais de maturidade surjam após atravessarmos a crise da alimentação, que ainda vai causar muita azia e deixar muitos de barriga vazia. Enquanto isso, o governo ataca o causador da crise, que ri, pois os golpes atingem no máximo suas canelas.

Conte suas moedas, mude seus hábitos alimentares, garanta seu futuro, compre um carro zero, atualize-se, use a roupa da moda, ECONOMIZE, pague em 60 meses, compre à vista, sem entrada, com apenas mais R$ 1, seja bonito, seja modesto, não desmate, compre uma estante de mogno, leia mais, divirta-se mais, durma mais, acorde cedo, descanse, use remédios homeopáticos, consulte seu médico, leia a bula, não fume, não beba, se beber não dirija, beba de forma consciente, seja responsável, adote uma criança, faça tratamento capilar, é dos carecas que elas gostam mais, tome isso, beba aquilo...ECONOMIZE, ame loucamente, aprecie com moderação...ECONOMIZE...