domingo, 22 de junho de 2008

Omedetô Japão, Arigatô Brasil!


Já que estamos em plena comemoração pelos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil com inúmeros eventos acontecendo em todo o país, resolvi estrear minha participação nesse blog. Afinal eu sou a única representante nipônica (Sim! Não sou índia, nem cingalesa) desse grupo todo.
Não fui ver em lugar algum, o que é realmente uma lástima, as homenagens aos japoneses que vieram ao Brasil no Kasato Maru. As que eram gratuitas não conseguir ir e para a cerimônia fechada fiquei sem meus convites, que eram dois. Os quais foram muito bem utilizados por meus pais, que se encontram nesse exato momento no Sambódromo de SP, no evento que encerra as comemorações.

Nunca fui boa em matemática tampouco vivo uma vida regrada. Não que eu seja burra ou porra louca, mas quando se pensa em japoneses, isso é quase um clichê. Todo mundo provavelmente já estudou com um “japa”, nerd, tímido, ou que não era exatamente o típico garanhão. Mas a verdade é que eles estão aí, se classificando nas Fuvests, nas Olimpíadas de Matemática da vida, ou qualquer coisa que envolva um alto grau de inteligência
. É claro que existem exceções, mas as pesquisas não mentem. E eu que nunca me encaixei em pesquisa alguma já me perguntei muitas vezes, se eu realmente sou uma sansei.
Sou neta de japoneses, pelo lado de meu pai, a família Yoshida (que é quase como Silva, Pereira no Brasil, de tão comum). Não sei muito sobre a história de meus avós. Eles faleceram já há algum tempo e hoje lamento por não tê-los perto para lhes perguntar tantas coisas que gostaria de saber. Tudo que sei é o que os meus tios, meu pai contam e as lembranças que tenho da minha infância. Segundo meu pai, eles vieram um tempo depois do navio ter aportado em Santos. Tanto meu “ditian” (vô) como minha “batian” (vó), falavam português embora em algumas conversas misturassem um pouco com o japonês. Lembro-me de ir a casa deles e ficar olhando para as fotos de várias gerações na parede da sala. A única que tinha conhecimento era de meu bisavô, vestindo um traje característico dos monges japoneses. O que depois fiquei sabendo: Ele era realmente monge e foi o responsável pela construção de um templo budista existente em Suzano/SP.
Nossa família japonesa é bem tradicional. Muito da cultura foi preservado até hoje. Temos as cerimônias de aniversário de morte onde depois é servido um almoço, que mais parece um banquete de sushis, sukiyakis, gohans; os envelopes com dinheiro, as palestras sobre budismo ensinadas em japonês com tradução para o português (desejo da minha batian, que queria a família em contato com a religião), o “hotokesan” (altar japonês) onde acendemos "senkôs"(incensos), o "ôfuro" (banheira com água acima de 36º) que todos da família tem em casa...
Tanta coisa... Isso sem contar tudo que passei a ver melhor sobre o meu povo (pelo menos, parte dele) quando fiz o caminho inverso. Mas isso deixo para próxima...
Agora tudo que sei é que depois de todas essas comemorações, estou decidida a investigar melhor sobre minhas origens. E espero ter humildemente contribuído para homenagear aqueles que há 100 anos atrás chegaram aqui para dividir com o Brasil, esse país tão acolhedor, um pouco de nossa cultura.

Como disse meu pai, em toda sua sabedoria oriental: “Você não estaria aqui se não fosse por isso”.

Cabe uma propaganda básica?
Minha mãe (a parte brasileira da família) organizou uma exposição e uma série de atividades na ilustríssima cidade simpatia em homenagem, não ao meu pai, mas sim ao centenário.

Se der cola lá:

Dia 26 de junho a partir das 9h

Caçapava/Sp

Praça da Bandeira S/N

4 comentários:

Marilia Salla disse...

Que linda, nossa japonega! Que saudade de você! Falando em misturas culturais, quando marcaremos nossa ida ao mexicano?
bjo

Mirella Yoshida disse...

quando quiseres muchacha!

;)

Marilia Salla disse...

Oba!

diego sieg disse...

Seja bem-vinda amiga jornalista de olhos puxados.rs

gostei do post.

Bem q vc podia nos contar em outros capítulos a sua experiência de vida do outro lado do planeta, hein???

beijo