quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pitadas de nostalgia

Texto: Camila Peretta

Uma vez o arquiteto espanhol Antoni Gaudí disse que originalidade é voltar às origens. Confesso que hoje foi a primeira vez que ouvi isso, foi numa palestra com a jornalista Adélia Borges sobre os novos rumos e perspectivas do design, e ainda estou empolgada com o tema. Mas confesso também que isso me levou a repensar num outro assunto que tem me chamado a atenção nos últimos dias.

Faz cinco meses que deixei minha casa em Campos do Jordão – até então, uma casa pequena, antiga, numa cidade sem atrativos e pouco produtiva – para viver sozinha em São Paulo. Não poderia estar em melhor lugar! Vivo numa região rica e bem cuidada, trabalho numa empresa que se destaca entre a alta sociedade, enfim, uma mudança radical – e muito boa.
Contudo, passado o deslumbramento de toda a novidade, comecei a notar a indiferença e individualidade das pessoas que moram nos grandes centros. A troca de um lugar onde conhecia as pessoas pelo nome, por um outro, onde sequer sei quem são os três vizinhos que moram no mesmo andar que eu começou a pesar. Não me arrependo da escolha que fiz e não tenho vontade nenhuma de voltar a morar em Campos, mas...

Peço licença aos moradores de Campos do Jordão para descrevê-la como quem a vê do lado de fora. Sim, no primeiro texto que posto neste blog, convidada pelo grande amigo e colega Diego Sieg para escrever sobre turismo e gastronomia, deixo minhas “segundas impressões” sobre a bela “Suiça Brasileira”. Brevemente, apenas como quem só começa a dar valor quando já não existe mais.

As baixas temperaturas deste outono, que teima em parecer inverno, já são mais que suficientes para que Campos do Jordão volte a receber seus fiéis turistas – e agora, com gotas de essência paulistana, eu vejo porquê são fiéis. Impossível não se encantar com o charme das folhas de platanus caídas ao longo da avenida, que leva de um lado a outro da cidade – em menos de 15 minutos. Igualmente incrível, é acordar pela manhã e ver os carros, deck, grama e até a casinha do cachorro, todos branquinhos de geada. Respirar aquele ar gelado, se enrolar num cobertor quentinho e ficar em frente à lareira tomando chocolate quente. Correr nas ruas arborizadas, com aquele céu azul – que é único. São coisas pequenas, mas que merecem ser valorizadas, acreditem!
Isso só lembrando as coisas simples, do dia-a-dia, mas ainda temos boa música, uma gastronomia invejável, sem falar nos hotéis luxuosos, sim, tudo tem seu preço, e não é barato, mas, para quem pode, é um luxo que vale a pena. Não, eu não posso! -- Só sei de tudo isso porque vi num folder!

Bem, hoje, diria que há cinco meses deixei minha casa em Campos do Jordão – uma casinha acolhedora, com lareira e muitos tapetes, numa cidade charmosa, que além da paisagem natural, tem um ótimo chocolate, um ótimo clima, uma ótima água (e chopp também) ...

7 comentários:

Marilia Salla disse...

Cami, amei seu texto! É verdade, só nos damos conta de que nossa cidade é linda quando a vimos com olhos de "estrangeiro". Mas, cá entre nós, não vejo a hora de vê-la dessa mandeira também! rsrssr
beijos

Anônimo disse...

Eu, que sou um simples cidadão jordanense inveterado, gosto da espontaneidade que essa cidade proporciona. Você caminha pelas ruas, encontra alguns amigos, vai pra casa de um, casa de outro, tudo sem planejamento. Nas cidades grandes ou vocÊ sai de casa com seu objetivo em mente ou ela te engole.

Tati Domiciano disse...

Sabe o que eu lembro de Campos do Jordão? As quartas-feiras modorrentas que transformávamos dias de chope no Capivari. Podíamos escolher qualquer mesa, botar os pés em cima das cadeiras e divagar sobre como era um tédio não ter nada pra fazer por lá! hahahahahaha Nós ríamos e fazíamos piada sobre o nada. O nada que paira em Campos fora da alta temporada. Dizem que o que o jornalista gosta de fazer nas horas vagas é falar de outros jornalistas... Nosso círculo era pequeno lembra? Isso significava que só podíamos falar do nerdinho do diego ou doce marília... Bons tempos...

Unknown disse...

Excelente texto! A verdade é Campos tinha tudo pra ser a cidade das oportunidades, enquanto essas oportunidades estão nas mãos de poucos. E os corajosos que aqui decidem morar lutam pra sobreviver.
Estou de pleno acordo quando você diz que Campos é uma cidade acolhedora, pois morei quatro anos em São José dos Campos, reprimindo uma enorme saudade dos amigos, familiares, paisagens e do clima também.
Sucesso a você nessa nova fase.

Marilia Salla disse...

Sobre o comentário da Tati....amei! rsrsrs

Marilia Salla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
diego sieg disse...

eiiii Peretta!!! adorei o seu texto.

Assim, eu penso que por mais que ganhemos o mundo, nossa casa será sempre nosso lar doce lar. E isso se aplica tb a nossa cidade natal. Campos terá sempre um sabor super especial para nós, independente do lugar onde estivermos.


Bom, mais intensos ainda são os vículos de amizade. Vixi, tem horas q sinto muita falta das nossas tardes na redação da mix e também dos choppinhos no baden, dos pastéis do Lídio, dos almoços no japonês etc. Ai ai....

chega de choradeira!!!rsrsrs

Mesmo com todo este atraso,
seja super bem-vinda. ok?

beijos